“Para o PAN, olhamos de facto, com preocupação para estes retrocessos que muitas vezes o governo faz, até porque nós estamos sempre a desperdiçar as joias da coroa, privatizamos a TAP, privatizamos sempre tudo o que dá lucro, a Efacec, e estamos sempre numa rota no nosso país em que não salvaguardamos aquilo que são pilares estruturais, quer dos postos de trabalho, quer muitas das vezes a nível de financiamento da economia do país, mas, neste caso em concreto, um dos pilares mais essenciais que é de facto basilar com qualquer democracia, que é a liberdade de imprensa”, declarou Inês Corte Real.

À margem da visita ao Jornal de Notícias, no Porto, a propósito do futuro eventual despedimento coletivo naquela jornal, a deputada do PAN na Assembleia da República afirmou que o partido não tem qualquer receio que os meios jornalísticos sejam públicos.

“Nós não temos qualquer receio dos meios, sejam eles jornalísticos, seja de qualquer imprensa públicos, porque de facto aquilo que temos visto é que, independentemente do modelo, desde que existe a liberdade de imprensa e sabemos que os profissionais têm feito sempre o seu melhor para que isso aconteça, devemos arranjar soluções para, de facto, salvar e preservar aquilo que têm sido pilares essenciais da nossa sociedade, como é o caso, por exemplo, também da Agência Lusa”.

A deputada recordou que se tem assistido, quer no caso da Lusa, quer de outros meios também jornalísticos, a greves sucessivas, por força dos despedimentos que têm ocorrido e das dificuldades financeiras, e que por isso é ” importante que haja de facto uma intervenção do Estado”.

“Nós não tememos, de forma alguma, aquilo que possa ser o financiamento, muito pelo contrário, aquilo que verificamos é que, mesmo no âmbito daquilo que têm sido as televisões públicas, tem havido um tratamento equitativo e igualitário das diferentes forças políticas, dos diferentes setores da sociedade. Agora se desistirmos e desinvestirmos da imprensa e da cultura, porque a imprensa também está muito ligada à cultura, à divulgação (…) estamos a empobrecer o nosso país e o acesso mais plural a todas as pessoas”.

O governo anunciou quinta-feira que o processo de compra, pelo Estado, de 45,7% da agência Lusa, pertencentes à Global Media e à Páginas Civilizadas, falhou por “falta de um consenso político alargado”.

“No momento atual, não existindo um consenso político alargado, a operação revelou-se inviável”, lê-se num comunicado do Ministério da Cultura, intitulado “Estado não adquire participações sociais na Lusa”.

No texto, o Ministério da Cultura afirma que “caberá ao próximo Governo assumir as suas responsabilidades e encontrar uma solução que garanta o salutar pluralismo, independência e salvaguarda do serviço público prestado pela Lusa – essencial para o conjunto da comunicação social”.