O estudo "Reflexos da covid-19 na saúde mental de estudantes universitários", de quatro investigadores académicos (de universidades de Lisboa, Porto, Minho e Algarve), revelou que a maioria dos alunos no ensino superior sentiu ansiedade e um quarto mostrou sinais de depressão. O isolamento, a dificuldade em fazer amigos ou a incerteza sobre o futuro também foram outras preocupações salientadas pelos discentes.
Para chegar a estas conclusões foi feito um inquérito online, revela a edição de hoje do Diário de Notícias (DN), em que participaram 694 alunos. Sensivelmente metade (50,6%) indicou sofrer sintomas de ansiedade moderados a severos e um quarto (25,9%) revelou sinais de depressão. A maioria dos que responderam ao estudo são solteiros, mulheres, com uma média de 24 anos, do ensino público e dos primeiros anos de curso.
Ao DN, Sónia Gonçalves, coordenadora da investigação, salienta que estes jovens têm sido marginalizados. "Ouvimos falar de medidas e apoios para os outros níveis de ensino, mas não para os estudantes universitários", disse, frisando que há alunos sem computador e acesso à internet no ensino superior.
A psicóloga, investigadora e professora no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP, Universidade de Lisboa), indica que os alunos sentiam o mesmo receio que a população geral, isto é, revelaram ter medo de apanhar a doença grave. E dá igualmente conta de que as maiores dificuldades foram sentidas por quem iniciava a jornada na universidade — algo que outros estudos internacionais já tinham sugerido.
Neste sentido, uma investigação em Espanha indicou uma conclusão a que o estudo português também chegou: a de que os estudantes das áreas das Humanidades e Sociais apresentaram índices mais elevados de ansiedade e depressão, indica o DN, que, acrescenta, até já se verificava antes da pandemia. Uma das hipóteses para que isto se verifique passa pela "atitude mais paradigmática ou diferentes formas de ver o mundo".
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