“Todas as atividades privadas de Paulo Guedes, antes de tomar posse como ministro, foram devidamente declaradas ao fisco e a todos os órgãos competentes, incluindo a sua participação na referida empresa [‘offshore’]”, assegurou uma nota distribuída pela assessoria de comunicação do ministro brasileiro.
Paulo Guedes é um dos homens fortes do Governo liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro.
O ministro também garantiu “ter cessado toda a atividade no setor privado” desde que entrou para o Governo, em janeiro de 2019, “respeitando integralmente a legislação” que visa prevenir qualquer conflito de interesses por parte dos membros da administração pública.
Mas o ‘site’ brasileiro Poder 360, integrante do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) que analisou os documentos da ‘Pandora Papers’ revelou que a empresa Dreadnoughts, com sede nas Ilhas Virgens e fundada por Guedes em 2014, estava ainda em operação.
A investigação também cita o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campo Neto, que também garantiu que todo o seu património, “construído ao longo de 22 anos de trabalho em finanças”, foi devidamente declarado ao fisco e que não houve movimentação em suas contas no exterior desde que entrou no serviço público.
O procurador-geral do Brasil, Augusto Aras, disse que faria uma avaliação preliminar da situação de Guedes antes de decidir abrir ou não um inquérito judicial.
Ara, porém, adiantou que não pretende basear uma investigação “apenas em informações veiculadas pela imprensa”.
A investigação jornalística ‘Pandora Papers’ baseia-se em quase 11,9 milhões de documentos, provenientes de 14 empresas de serviços financeiros, e revelou mais de 29.000 empresas ‘offshore’. Muitos líderes políticos em todo o mundo estão implicados.
O relatório está a ser chamado de ‘Pandora Papers’ porque as descobertas lançam luz sobre os negócios anteriormente ocultos da elite e dos corruptos, além de demonstrar como estes usaram contas ‘offshore’ para proteger ativos no valor coletivo de milhares de dólares.
O ICIJ diz ter baseado a sua investigação numa “fuga sem precedentes”, envolvendo cerca de 12 milhões de documentos, trabalhados por 600 jornalistas, a “maior parceria da história do jornalismo”.
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