Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, o Papa Francisco repetiu várias vezes estar pronto para ir a Moscovo.
"No primeiro dia da guerra, telefonei ao Presidente Zelensky da Ucrânia, mas não telefonei a Putin. Tive notícias dele em dezembro pelo meu aniversário, mas não desta vez não telefonei. Queria fazer um gesto claro que o mundo inteiro pudesse ver e por esta razão fui ter com o embaixador russo. Pedi-lhes que explicassem, disse 'por favor, parem'", começou por dizer o pontífice.
Mas os atos de Francisco não ficaram por aqui. "Depois pedi ao Cardeal Parolin, após vinte dias de guerra, para enviar a Putin a mensagem de que eu estava disposto a ir a Moscovo. Evidentemente, foi necessário que o líder do Kremlin concedesse algumas janelas. Ainda não recebemos uma resposta e continuamos a insistir, embora receie que Putin não possa e não venha a fazer esta reunião neste momento. Mas como é que tal brutalidade não pode ser impedida? Há vinte e cinco anos, com o Ruanda, vivemos a mesma experiência", recordou.
O Papa tem expressado frequentemente a sua preocupação com a guerra na Ucrânia, após a invasão russa iniciada em 24 de fevereiro, tendo chegado a propor a mediação do Vaticano.
No entanto, no final de abril, decidiu não ir a Kiev como tinha ponderado fazer, nem reunir-se com o chefe da igreja ortodoxa russa, o patriarca Kirill.
O Papa afirmou ainda que não pode "fazer nada que ponha em risco objetivos superiores, que são o fim da guerra, uma trégua ou, pelo menos, um corredor humanitário".
A igreja ortodoxa russa apoiou anteriormente a "operação especial" da Rússia na Ucrânia (como Moscovo se refere à invasão do país vizinho), o que, segundo especialistas, foi uma das razões para a suspensão do encontro entre Kiril e o Papa Francisco, que se realizaria em junho.
Ao mesmo tempo, Francisco disse, numa entrevista ao jornal La Nación, que a sua relação com Kiril, com quem se encontrou apenas uma vez em Havana, em 2016, é "muito boa".
"A nossa diplomacia entendeu que uma reunião dos dois neste momento poderia prestar-se a muitas confusões", explicou.
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