Francisco, que está hoje a terminar a sua peregrinação de quatro dias aos países do Báltico, referia-se à crise que está a agitar a igreja num dia em que é foi feito o lançamento de um novo relatório sobre milhares de casos de abusos sexuais perpetrados por religiosos na Alemanha durante décadas.
Num encontro com jovens da Estónia, considerado um dos países menos religiosos do mundo, o Papa disse saber que muitos jovens sentem que a igreja nada tem a oferecer e que não entende os seus problemas.
“Eles (os jovens) estão indignados com os escândalos sexuais e económicos que não são claramente condenados, com a nossa falta de preparação em apreciar a vidas e as sensibilidades dos jovens, e com o papel passivo que lhes atribuímos”, disse o papa aos jovens católicos, luteranos e ortodoxos.
Francisco disse ainda que a Igreja Católica quer responder a essas queixas de forma transparente e honesta.
A conferência dos bispos alemães divulgou hoje um relatório que revela que cerca de 3.677 pessoas – mais da metade delas com 13 anos ou menos – foram maltratadas pelo clero entre 1946 e 2014.
O relatório, compilado por investigadores universitários, encontrou provas de que alguns arquivos foram manipulados ou destruídos, muitos casos não foram levados à justiça e que, às vezes, os agressores eram simplesmente transferidos para outras dioceses sem que as congregações fossem informadas sobre seu passado.
O escândalo de abuso, que surgiu na Irlanda nos anos 90 e subsequentemente na Austrália e nos EUA, agora ameaça o próprio pontificado de Francisco.
O Papa Francisco iniciou no sábado uma visita ao Báltico, a sua 25.ª viagem internacional que coincidiu com o 100.º aniversário da primeira declaração de independência dos países bálticos.
A visita pastoral do papal, que coincide também com o 25.º aniversário da visita de João Paulo II, incluiu passagens por Vilnius e Kaunas, na Lituânia, Riga e Aglona, na Letónia, e Tallinn, na Estónia.
Após a II Guerra Mundial, os países bálticos foram anexados pela antiga URSS, voltando a ser nações soberanas no início dos anos 90 do século XX. Atualmente, são Estados-membros da União Europeia.
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