No projeto de resolução dos socialistas é defendido que "a realidade histórica da Inquisição e da sua presença em Portugal" enquadra-se no conjunto de matérias em relação às quais "se tem registado uma evolução muito positiva no que respeita ao seu estudo e memorialização", consequência de "uma mudança de atitude com a passagem ao regime democrático".
"A adoção de um Dia da Memória das Vítimas da Inquisição, nos termos peticionados por inúmeras iniciativas da sociedade civil, não traduz qualquer vontade de promover a abertura de feridas antigas ou um desejo de acicatar animosidade contra qualquer instituição, secular ou religiosa", lê-se no texto.
Assim, a consagração do dia 31 de março como Dia da Memória das Vítimas da Inquisição esquadra-se "num movimento claro, sério e reconciliador, em que Estado e Igreja já têm dado os passos de reconhecimento dos erros do passado, e encetado a sua reparação pela valorização da memória das vítimas e pela prevenção da repetição dos crimes do passado".
"A Igreja, aliás, foi até já mais clara e assertiva neste processo de reconciliação que as próprias autoridades públicas estatais, que através desta iniciativa podem finalmente honrar a memória das vítimas e apelar a tolerância positiva e ao convívio pacífico entre todos", defende o mesmo texto.
Ao longo das últimas décadas, de acordo com o projeto de resolução aprovado, "tem o tema vindo a ser objeto de aprofundamento da investigação científica em seu torno, decorrentes muitas vezes de uma melhoria de acesso a fontes primárias até aí indisponíveis ou de difícil acesso".
De acordo o texto, em 23 de maio de 1536, o então recém-eleito Papa Paulo III autorizou a instalação da Inquisição, data que foi aliás sugerida na petição que na passada legislatura para instituição do Dia Nacional de Memória.
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