“Não é o Governo que está esgotado, é o regime que está falido. Os partidos incumbentes convergem no agudizar dos problemas estruturais do país e mostram-se incapazes de encontrar soluções à altura dos desafios e dos valores do século XXI, capturados que estão pelas suas ideologias e interesses corporativos”, criticou o deputado único do PAN, André Silva, na intervenção do partido no debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP, na Assembleia da República, em Lisboa.
André Silva afirmou que o PAN “defende que é preciso fazer um outro caminho no país, mas não da forma pouco responsável como hoje propõe o CDS, com eleições antecipadas”.
“O país precisa de estabilidade governativa e daqui a meio ano as portuguesas e os portugueses serão chamados a fazer escolhas, a escolherem um projeto que garanta um estado social eficaz, uma economia baseada na gestão responsável das finanças públicas e com uma visão estratégica de longo prazo que priorize o combate às alterações climáticas. Haja mas é coragem para isso”, defendeu.
André Silva disse ter procurado na moção do CDS-PP críticas à “visão redutora que o Governo e os partidos do regime têm da saúde, em que se aposta na reação e não na prevenção”.
“Não encontrámos”, afirmou, lamentando ainda não ter encontrado no texto dos democratas-cristãos censura ao Governo por não apostar em políticas fiscais e de sensibilização dissuasoras do consumo excessivo de sal, açúcar ou carnes processadas.
André Silva disse ter ainda procurado, sem sucesso, na moção de censura “onde é que o CDS condena o Governo pela total permissividade a empresas que devastam os ecossistemas e contaminam o ar e a água”, apontando casos concretos de empresas como a Celtejo, a Siderurgia Nacional ou “as muitas suiniculturas ilegais a operar no país”.
“Procurámos ainda na moção de censura aquela parte em que o CDS fala da atitude do governo em relação à maior crise que vivemos: as alterações climáticas. Zero”, criticou.
Por outro lado, o deputado único do PAN estranhou que o CDS-PP tenha censurado o Governo em matéria de agricultura: “Tanta coisa para censurar e honestamente não conseguimos perceber porquê esta parte. Capoulas Santos é o melhor ministro da Agricultura que o CDS já teve”, ironizou.
“Está a transformar o Alentejo num olival super intensivo, quer massificar o turismo cinegético, aumenta exponencialmente a cada ano a exportação de animais vivos violando regulamentação europeia, e é brilhante a esbanjar dinheiro público nos apoios à indústria da carne e do leite. E mais: tal como o CDS, despreza a agricultura biológica”, justificou.
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