O novo plano quinquenal (2021-2025), delineado durante a quinta sessão plenária do 19º Comité Central do PCC, visa reduzir a dependência de tecnologia importada, incluindo ?chips’ e semicondutores.
O órgão propôs ainda “construir um novo padrão de desenvolvimento”, com base na “procura interna”, numa altura de forte recessão na economia mundial, devido à pandemia da covid-19.
“É preciso promover a dupla circulação nacional e internacional, estimular o consumo e ampliar o espaço de investimento”, lê-se no comunicado, emitido após a reunião.
A sessão plenária, que reuniu os 350 principais dirigentes do Partido e do país num hotel em Pequim, propôs que a ciência e a tecnologia sejam “autossuficientes como sustentação estratégica do desenvolvimento nacional”.
O Comité Central, cujas propostas são submetidas à Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China, também enfatizou a melhoria do “nível de modernização da cadeia industrial e de abastecimento”, bem como o “impulso das indústrias emergentes estratégicas” e o “acelerar” do desenvolvimento da digitalização.
A pressão do Governo norte-americano sobre as empresas para boicotarem entidades chinesas específicas tornou-se num esforço concertado para forçar fornecedores e países terceiros a aderirem a um bloqueio à tecnologia chinesa.
No espaço de pouco mais de um ano, Washington reviu por três vezes as suas regras de controlo sobre as exportações para o grupo chinês das telecomunicações Huawei, afetando fornecedores da empresa chinesa em todo o mundo.
Nos últimos dois anos, a administração de Donald Trump colocou outras 70 empresas chinesas na Lista de Entidades do Departamento de Comércio, limitando o seu acesso a tecnologia norte-americana.
A indústria tecnológica chinesa continua dependente da importação de semicondutores, que são classificados pelo seu nó. Os nós inferiores representam ?chips’ mais avançados, e os fabricantes de semicondutores chineses estão entre 2 e 3 nós atrás dos líderes globais.
Em resposta às crescentes tensões entre os dois países, multinacionais como a Apple ou a Google estão rapidamente a deslocar a sua produção e negócios da China para o Vietname, Índia, Tailândia e Malásia.
Segundo observadores, nos últimos 36 meses, o setor tecnológico registou uma deslocação inédita em quase três décadas.
A unidade de investigação EuroIntelligence considerou que os planos da China por maior autossuficiência no setor tecnológico terão implicações para a indústria de semicondutores da Europa.
“Embora a Europa responda por apenas 10% da produção global de semicondutores, é um importante fornecedor de equipamentos de fabrico, incluindo máquinas de litografia ultravioleta extrema, necessários para fazer chips avançados de nó 5 e inferior”, apontou num relatório.
Uma grande expansão dos controlos sobre a exportação de tecnologia pelos Estados Unidos constituiria um “enorme golpe” para as ambições tecnológicas da China, lembrou a EuroIntelligence.
No entanto, a médio e longo prazo, a política norte-americana pode “sair pela culatra”, ao “alienar os principais aliados norte-americanos” na Europa e no Japão.
“A opção nuclear incentivaria todas as empresas globais de fabrico de equipamentos de semicondutores a evitar os controlos de exportação, retirando componentes norte-americanos dos seus próprios produtos”, lembrou.
A substituição das peças pode levar até 10 anos, mas isto eliminaria efetivamente a influência dos EUA sobre os fornecedores estrangeiros de equipamento para fabrico de semicondutores.
A tradição dos planos quinquenais na China remonta aos primórdios do maoísmo, durante o período de influência soviética, na década de 1950.
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