Em declarações à Lusa, o deputado Jorge Machado desafiou a Câmara do Porto a realizar uma avaliação do número de turistas que a cidade pode comportar, uma iniciativa, aliás, que o partido comunista propôs recentemente em Lisboa.

“É preciso travar o fenómeno de transformar o Porto numa espécie de Disneylândia (…), tem que ser estudada a carga máxima de turismo que a cidade pode comportar”, defendeu o deputado, à margem de uma conferência de imprensa a propósito do Dia Mundial do Turismo, que se realiza na próxima quinta-feira (dia 27).

Segundo o deputado, “o Porto torna-se atrativo e torna-se um ponto fulcral no turismo mundial por causa das pessoas, da cultura, das vivências, da população que vive na cidade”.

“Ao afastarmos toda a gente do centro da cidade, ao fecharmos locais históricos da cidade para fazer especulação imobiliária e alojamento local (…), deixando apenas paredes e edifícios, estaremos a destruir o que é o Porto e isso é um desafio que teremos de encarar todos nós, para tentar preservar aquilo que torna o Porto hoje tão interessante do ponto de vista turístico”, realçou.

O PCP, preocupado para o problema da massificação e da descaracterização das cidades do Porto e Lisboa, considerou que no Porto se está a viver um “regabofe” no que diz respeito ao Alojamento Local (AL).

“Este regabofe em que qualquer pessoa ou qualquer especulador imobiliário pega numa casa e paga 30% mais do que aquela casa vale no mercado, para depois fazer AL, em que mete turismo atrás de turismo sem qualquer controlo é algo que nos preocupa”, assinalou.

Para aquele deputado, é necessária uma intervenção, tanto ao nível da lei do arrendamento, observando que o Governo tem de “intervir com propostas concretas”, como ao nível da imposição de um limite máximo de AL.

Os deputados do PCP reuniram hoje com a direção do Sindicato da Hotelaria do Norte e ouviram queixas relacionadas com a “falta investimento nas unidades hoteleiras”, que revelam não estarem a ser “modernizadas ao ritmo que era expectável”, bem como a “falta de desinvestimento na mão-de-obra qualificada”.

“É preciso que a Inspeção Geral do Trabalho se dê ao respeito e, portanto, aplique as coimas. E que não ande a fazer de conta nas empresas, esse é um aspeto fundamental”, alertou Francisco Figueiredo, representante da direção do Sindicato da Hotelaria do Norte, apelando ao Governo para “obrigar” as empresas “a fazer investimentos no setor de turismo para que as instalações sejam modernizadas”.

Francisco Figueiredo defendeu ainda que, em vez de serem acumulados os lucros oriundos do setor do turismo, essas verbas devem ser investidas nos recursos humanos”.

Por seu turno, o deputado comunista considerou que o país deu passos “significativos na qualificação profissional de milhares e milhares de trabalhadores, que saem altamente qualificados nos diferentes graus de ensino”, mas lamentou que, depois, não sejam aproveitados no setor que aposta “em mão-de-obra não qualificada” e “salários muito baixos”.

Na tabela salarial em vigor, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se, por exemplo, que na categoria profissional, um copeiro até dois anos ganha "580 euros" (salário mínimo), um cozinheiro de 2.ª ganha 610 euros, um chefe de balcão ou um chefe de operações ganha 700 euros e um diretor de restauração e bebidas 980 euros.

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