“Aquilo que está em cima da mesa é uma má proposta, independentemente de, no Parlamento Europeu, ter sido conseguido abrandar mais o conteúdo injusto da proposta, mas a verdade é que aquilo que se verifica é que a coesão que hoje existe com as dotações que hoje tem, é claramente insuficiente”, afirmou o líder comunista.

Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas no final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, no âmbito da Cimeira dos Amigos da Coesão, marcada para sábado, em Beja.

“Se não é suficiente, naturalmente a linha deve ser procurar o seu reforço” [do orçamento comunitário], vincou.

Notando que acompanha “com interesse este esforço do Governo” para a defesa dos interesses dos países que integram este grupo, o comunista manifestou igualmente algumas preocupações sobre o assunto.

“Os estados economicamente mais desenvolvidos querem retirar mais do Orçamento e contribuir menos, sobretudo aqueles que têm sido os principais beneficiários das políticas de integração ou a questão do mercado único, as questões do euro e das políticas comuns”, exemplificou.

Na ótica do secretário-geral comunista, não foram travadas “divergências que se verificaram na ultima década”.

Outra das preocupações do PCP prende-se com o “atraso que se tem verificado no arranque do quadro financeiro plurianual”, o que afeta diretamente Portugal, uma vez que “é o país que depende mais desses fundos” e, por isso, “qualquer atraso acabará por ser negativo”.

“Isto não implica que se aceite passivamente qualquer retrocesso, em nome desta chantagem, desta pressão do momento em que entra em vigor este quadro”, assinalou, notando que o Governo “deve rejeitar pressões”.

Para o PCP “não é aceitável que aqueles que mais beneficiados têm sido com a União Europeia e os seus mecanismos venham agora reclamar medidas que enfraqueçam os fundos para os países da convergência”.

A acompanhar o secretário-geral do PCP, estava o eurodeputado João Ferreira.

O primeiro-ministro, António Costa, recebe hoje os partidos portugueses com representação no Parlamento Europeu, dois dias antes da cimeira dos países da coesão dentro da União Europeia, que vai debater o orçamento comunitário 2021-2027.

António Costa recebe hoje delegações do PSD, PCP, BE, CDS-PP e PS e na sexta-feira o PAN.

A cimeira em Portugal terá lugar numa altura em que se mantém o impasse em torno das negociações sobre o orçamento da UE para 2021-2027, sendo que o objetivo comum dos 27 é alcançar um acordo até ao final do primeiro semestre, de modo a garantir que não há um hiato na transição entre o quadro atual e o próximo - como sucedeu há sete anos -, o que teria consequências a nível de programação atempada dos fundos.

Além do anfitrião António Costa, está já confirmada a presença do Presidente de Chipre e de mais 11 primeiros-ministros, entre os quais o da Croácia, Andrej Plenkovi, país que detém agora a presidência da União Europeia.

Em Beja também vão estar os primeiros-ministros da República Checa, Eslováquia, Espanha, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Malta, Polónia e Roménia.

Esta será a terceira cimeira dos países "Amigos da Coesão", depois de Bratislava e de Praga, e esta reunião de Beja realizar-se-á a pouco mais de duas semanas da cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, prevista para dia 20 de fevereiro e que foi convocada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.