Na discussão do Programa de Estabilidade que hoje de manhã decorre no parlamento, Pedro Filipe Soares reiterou que um documento destes em "vésperas de umas eleições legislativas significa muito pouco", deixando claro que "este debate não serve para grande coisa".

"Há um debate em curso sobre aquilo que apresentaram: é que nós percebemos que há uma cedência do PS ao velho PS", acusou o líder parlamentar do BE, dirigindo-se à bancada do Governo e aos deputados socialistas.

A cedência, na perspetiva do BE, é "ao PS que ignora que a recuperação de rendimentos foi o pilar fundamental para a recuperação da economia" ou ao PS que "ignora que foi o aumento dos salários, particularmente, o salário mínimo nacional, que retirou pessoas de uma indignidade de trabalhar e mesmo assim continuar na pobreza".

"Um PS que desiste do caminho que nós fizemos durante quatro anos e apresenta um Programa de Estabilidade que tem como objetivo o superavit das contas públicas", sublinhou.

Pedro Filipe Soares condenou a "quase razia" no investimento público e a falta de prioridade dada à defesa dos serviços públicos.

"A prioridade é o superavit das contas públicas. Ainda mais alemão do que os ministros alemães das finanças, dirá qualquer analista", ironizou.

Para o líder parlamentar bloquista, este Programa de Estabilidade "tem uma consequência no ano de 2019", que é o facto "de todos os euros criados" pelo crescimento económico alcançado irem "direitinhos para o buraco do Novo Banco".

No início da sua intervenção, Pedro Filipe Soares afirmou que "apresentar propostas para o futuro que tentam manietar as escolhas do povo português é um absurdo que decorre das absurdas leis europeias".

Porque "este debate não serve para grande coisa", o BE não levou "a debate nenhuma iniciativa" sobre o Programa de Estabilidade porque "o povo é que vai decidir o que quer para o seu futuro".

"PSD e CDS tentaram transformar este debate no ressuscitar do debate de 2015, um absurdo", criticou.

Os dois partidos, prosseguiu o deputado bloquista, "estão mal com a realidade", acusando o PSD de um "exercício de hipocrisia" quando afirmou que "lhes pesa as condições dos jovens portugueses".

"Já quiseram esconder Passos Coelho no fundo do armário, mas era isso que ele dizia: saiam da vossa zona de conforto. Um insulto aos jovens do nosso país", atirou.

Mas Pedro Filipe Soares não se esqueceu o CDS-PP, que "apresenta um conjunto de propostas que eles próprios diziam que eram contra", lembrando que os centristas também estavam no Governo e que Pedro Mota Soares, na altura como ministro, propôs 600 milhões de cortes nas pensões.

"Orfanados do poder, assim continuarão porque o nosso povo não tem saudades da vossa governação. Na prática vocês não estão no debate, vocês estão fora deste debate", avisou.