Ao fim de duas horas, Pedro Nuno Santos fala aos jornalistas depois da conversa com Marcelo Rebelo de Sousa, naquela que foi a audiência mais longa até ao momento.

Referindo que os votos da emigração ainda estão a ser contados, o líder do PS lembra que "não se perspetiva nenhuma alteração profunda dos resultados eleitorais de domingo".

Questionado se considera, tal como Alexandra Leitão defendeu este domingo, que o PS deve ser convidado a formar Governo caso os círculos eleitorais da emigração lhe deem a vitória, Pedro Nuno Santos considerou que “não faz sentido estar a laborar sobre cenários que não têm quase nenhuma probabilidade de se verificarem”.

“Não ganhamos nada com isso. Esclareci desde logo no domingo e julgo que a contagem nos vai dar razão. (…) Não vou fazer nenhuma conjetura sobre cenários que não têm grande probabilidade de se verificarem”, afirmou.

"Por isso, chegamos a esta audiência com o senhor presidente da República sem uma solução de governo apoiada por uma maioria. E esse é o facto mais relevante: o país precisa de um governo estável, o Partido Socialista não tem uma maioria para apresentar", apontou.

O secretário-geral do PS defendeu que “é ao líder do PSD e ao potencial primeiro-ministro, o mais que provável primeiro-ministro, que tem de se pedir as condições de governabilidade necessárias e que o país precisa”.

“O país precisa de estabilidade, não podemos é pedir ao PS que seja o garante de um Governo sobre o qual discorda”, frisou.

"Depois do resultado de domingo, o líder da coligação vencedora apresenta-se não só como vencedor mas com a possibilidade de ser indigitado para formar governo. Aquilo que se espera é que o líder da coligação amanhã apresente uma solução de governo estável. O país precisa de um governo forte e estável, mas precisa também de uma oposição forte e sólida e é isso que nós seremos", acrescentou Pedro Nuno Santos.

O líder do PS referiu também que o partido será uma "oposição responsável", na medida em que "não votará documentos ou iniciativas legislativas com as quais não concorda", mas "em matérias onde há pontos de vista em comum, onde há possibilidade de entendimento" o PS vai fazer por chegar a acordo.

“Desde logo, ao longo da campanha, foi notório para todos que haviam um largo consenso, que extravasa aliás o próprio PS e a AD, sobre a necessidade de valorizarmos as carreiras e as grelhas salariais de alguns grupos profissionais da administração pública”, sublinhou.

O secretário-geral do PS indicou estar a referir-se aos “professores, forças de segurança, profissionais de saúde” e oficiais de justiça e garantiu que o PS está disponível para encontrar com o futuro Governo “uma solução que permita que, até ao verão, estes profissionais tenham a sua situação resolvida”.

“Tendo em conta que pode ser necessário alterar limites de despesa, nós estamos disponíveis para viabilizar um orçamento retificativo que esteja limitado às matérias de consenso”, anunciou.

Pedro Nuno Santos considerou que esta é uma maneira de se resolver “uma questão que é transversal a todos”, sublinhando que o PS “não estaria confrontado com a votação de uma iniciativa ou de um orçamento com propostas com as quais não concorda”, porque esse orçamento retificativo ficaria limitado “às matérias sobre as quais existe um amplo consenso junto dos partidos políticos com representação parlamentar”.

“Eu próprio farei o contacto com o líder da coligação para disponibilizar, para demonstrar esta disponibilidade do PS, indicarmos mesmo dois nomes que possa, no prazo de 30 dias, construir um acordo que nos permita encontrar uma solução até ao verão para resolvermos a situação destes profissionais da administração pública, ainda antes do início das férias de verão”, acrescentou.