Segundo o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, 60% das habitações permanentes afetadas já estão reconstruídas, decorrendo obras nas restantes, sendo que os cinco casos que faltavam avançar no início deste mês já estão em execução.
Para o membro do Governo, ao fim de um ano registarem-se "mais de cerca de 150 casas reconstruídas e ter as outras 100 em obra é um resultado à altura daquilo que as populações merecem", garantindo que o executivo tudo faz para que "as coisas andem depressa".
O ministro falava durante uma visita aos três concelhos mais afetados pelo grande incêndio de junho (Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos), onde reparou, na visita às casas, que "há uma esperança que está a renascer" no território.
Nas Sarzedas do Vasco, em Castanheira de Pera, José Vicente abriu a porta ao ministro, mas puxou a chave para o lado contrário, porque ainda não ganhou o hábito à nova casa.
"Lá para o fim do mês, espero mudar-me para aqui", contou a Pedro Marques o habitante que, durante o incêndio, viu-se encurralado pelas chamas e andou quase 200 metros de gatas para escapar ao fogo.
A casa antiga tinha tudo de madeira - das portas às janelas - e quando o fogo pegou "nunca mais largou", afirmou José Vicente, que vai preparando as coisas para se mudar para a casa reconstruída, na companhia do seu gato e cão, que também escaparam às chamas.
Já em Vale Vicente, Figueiró dos Vinhos, o ministro pôde constatar o sorrido de Isilda Henriques, que vai vendo a sua casa a ganhar forma.
"A casa é muito gira e muito jeitosa, melhor do que aquela que a gente tinha", disse aos jornalistas a habitante daquela aldeia que, em conversa com o ministro, aproveitou para lhe pedir um "barracãozinho para a lenha do inverno" e um galinheiro, que desapareceu com o fogo, mais as galinhas e os coelhos que lá tinha.
Dirigindo-se a Pedro Marques, o marido de Isilda, Aires Henriques, sublinhou que a esposa "está desertinha" para se mudar para a casa, onde no terreno já têm pepinos, pimentos, tomates, bem como uma laranjeira e um abrunheiro.
A casa foi desenhada com a ajuda do coletivo "Trabalhar com os 99%", num trabalho que envolveu o casal, que foi dando sugestões, nomeadamente a entrada da casa, com um pequeno telheiro, à imagem da casa do filho, onde Isilda se pudesse sentar, "com as suas flores à volta, e estar ali a ver a vida passar", contou à agência Lusa o arquiteto Tiago Saraiva.
"É importante que a arquitetura sirva para isto: ajudar as pessoas a começarem a projetar-se no futuro, para que sintam que têm uma vida futura que possa ser mais bem vivida", vincou o arquiteto.
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