A agência oficial Sana, que cita o Ministério da Saúde sírio, informou que 430 pessoas morreram e 1.315 ficaram feridas nas províncias de Aleppo, Latakia, Hama e Tartus, sob o controle do governo.

Nas áreas rebeldes, os Capacetes Brancos relataram 380 mortos e mais de mil feridos. Os números, indicaram, podem aumentar, já que "centenas de famílias estão sob os escombros".

A organização, que atua em áreas controladas por grupos jihadistas e rebeldes, alertou que as suas equipas passam por "grandes dificuldades" e que precisam de "material de resgate".

De acordo com os Capacetes Brancos, mais de 133 prédios desabaram completamente e 272 parcialmente. Além disso, milhares de prédios ficaram rachados no noroeste do país.

A agência Sana divulgou imagens que mostram destruição significativa em várias cidades, incluindo Lataquia, na costa do Mediterrâneo, onde prédios inteiros desabaram.

Foi "pior que as bombas"

Num hospital no noroeste da Síria, Usama Abdelhamid não consegue conter as lágrimas: o prédio onde mora com a sua família desabou no meio da noite, reporta a AFP.

Este morador da cidade de Azmarin, na fronteira com a Turquia, sobreviveu milagrosamente ao violento terramoto de magnitude 7,8 que abalou a área entre o sudeste da Turquia e o norte da Síria na manhã de segunda-feira, causando pelo menos 2.300 mortes no total.

"Estávamos a dormir quando sentimos um forte tremor de terra", contou o morador à AFP.

"Corremos para a porta do nosso apartamento no terceiro andar. Quando abrimos, todo o prédio tinha desabado", disse, após ser atendido no hospital Al Rahma, na cidade de Darkush, na província de Idlib.

Abdelhamid e a sua família ficaram debaixo dos escombros de um prédio de quatro andares, enquanto o seu filho conseguiu sair e pedir ajuda alertando que a sua família estava dentro do edifício. Logo foram socorridos por pessoas que estavam na zona, contou o morador, emocionado. Nenhum dos seus vizinhos resistiu ao desabamento.

As ambulâncias chegam com feridos, sobretudo com crianças, relatou um correspondente da AFP. Pelo menos 30 corpos sem vida foram levados para aquela unidade hospitalar que está superlotada.

"A situação é muito grave, muitas pessoas continuam debaixo dos escombros de prédios residenciais", disse o cirurgião Majid Ibrahim.

Em Aleppo, assim que Anas Habache, de 37 anos, começou a sentir o tremor, foi procurar o filho e gritou para a esposa grávida correr para a porta do apartamento, no terceiro e último andar de um prédio.

"Descemos as escadas como loucos e quando chegamos à rua, vimos dezenas de famílias assustadas", contou.

"Alguns estavam de joelhos a rezar, outros choravam, como se fosse o dia do juízo final", acrescentou Ana, afirmando que nunca tinha sentido igual, nem nos últimos anos da guerra que assola o seu país.

"Foi muito pior do que as bombas e as balas", concluiu o homem de 37 anos.