“Os russos enfrentam problemas logísticos desde o início” da invasão da Ucrânia, e “ainda estão numa situação fragilizada com a logística”, declarou Austin a um grupo de jornalistas a bordo de um avião militar.
“[Os russos] registam uma penúria significativa de mísseis de artilharia”, em particular pelo facto de Kiev ter destruído diversas reservas de munições russas”, precisou o chefe do Pentágono.
A Rússia tem utilizado com frequência a sua artilharia desde o início da guerra, disparando numerosos ‘rockets’ em direção às forças ucranianas antes de se movimentarem no terreno.
“Para este género de operação, são necessárias numerosas munições. Não estou seguro de que [os russos] possuam as suficientes para permitir este género de situações no futuro”, acrescentou Austin.
O chefe do Pentágono precisou que as reservas russas de mísseis de precisão foram “significativamente reduzidas” nos nove meses de guerra, e que Moscovo não terá capacidade de as substituir rapidamente devido às sanções económicas impostas à Rússia, em particular os microprocessadores.
Em paralelo, e através de uma mensagem no Telegram, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, assegurou que, ao contrário das expectativas dos “inimigos”, o país possui suficientes reservas de armamentos para prosseguir os ataques.
“Os inimigos continuam a contar cuidadosamente os nossos lançamentos e as nossas reservas [de armamento]. Deveriam estar mais bem informados e não aguardar por uma escassez dos nossos recursos”, disse.
“Vai prosseguir. Existem [munições] em quantidade suficiente para todos!”, ironizou.
Medvedev disse ter visitado uma companhia estatal russa onde abordou “um aumento do fornecimento de armamento de alta precisão para as Forças armadas russas”, tendo ainda divulgado um vídeo no interior do complexo junto a bombas e torpedos, indicou a agência oficial russa TASS.
Esta empresa, fundada em 1969, é uma das maiores da Rússia na produção de torpedos e bombas.
Hoje, a Rússia disparou cerca de 70 mísseis de cruzeiro sobre diversas regiões da Ucrânia, tendo sido abatidos 51 segundo o Exército ucraniano, apesar destes bombardeamentos terem provocado importantes cortes no fornecimento de energia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.595 civis mortos e 10.189 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Comentários