Em causa está o assoreamento junto a esta infraestrutura portuária, uma das mais importantes do Norte do país, que coloca em causa a segurança na entrada e saída das embarcações, sobretudo piscatórias.
"A situação é perigosíssima. É uma barra instável e que está sempre condicionada. O próprio capitão de porto já manifestou essa preocupação. São precisas medidas urgentes para evitarmos que um dia destes haja uma tragédia", começou por alertar José Festas, presidente da associação.
O dirigente lembrou que as operações de dragagem do equipamento, que iriam desassorear o canal de acesso ao porto de pesca, "deviam ter arrancado este ano, mas acabaram por não acontecer", acrescentando a sua preocupação com a quantidade de inertes que está programado serem dragados.
"Em abril propuserem dragar 195 metros mil cúbicos de areias, mas no mês passado recebemos uma comunicação da direção-geral [dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos] a dizer que seriam apenas 30 mil metros cúbicos. Isso é uma loucura. A nossa é opinião é que deviam tirar 300 mil, porque mesmo 195 mil já seria pouco. Agora 30 mil está fora de questão", afirmou à Lusa José Festas.
O líder da APMSHM garantiu que se a operação de desassoreamento contemplar apenas a retirada de 30 mil metros cúbicos de inertes, ou não for feita antes do inverno, irá "escrever uma carta ao capitão do porto a aconselhar o encerramento da barra".
"Sei que os barcos têm de ir ao mar, pois muitas famílias dependem disso para comer, mas a segurança está em primeiro lugar. Os pescadores, que já agora querem fazer manifestações, não vão gostar que apoie essa medida de fechar a barra, mas não quero ter responsabilidades no caso de haver um acidente ou mortes de pescadores no local", vincou José Festas.
O dirigente garantiu que já comunicou à ministra do Mar estas preocupações, que diz serem "partilhadas pelos presidentes das Câmaras da Póvoa de Varzim e Vila do Conde e também pelo responsável da capitania das duas cidades".
"Estamos em sintonia. Até os próprios técnicos dos portos já reconheceram a necessidade da dragagem e também sabem que se não for feita até outubro não terá efeito. Na barra de Vila do Conde tiraram 87 mil metros cúbicos de areia, durante o inverno, e já está quase igual ao que era antes", analisou o presidente da APMSHM.
Confrontada, recentemente, com este problema, a ministra do Mar garantiu que "é sempre preciso fazer mais pela segurança dos pescadores", garantindo "haver um plano para novas dragagens".
"Temos feito dragagens nos portos da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, mas este ano as condições atmosféricas durante o inverno foram bastante más o que tem influência nos arrastamentos e depósitos das areias no fundo do mar, nomeadamente junto às barras", disse Ana Paula Vitorino.
A governante admitiu "que terão de ser efetuadas novas dragagens", estando à espera dotação orçamental para o efeito.
"Já existe um plano de dragagens, para o qual estamos a tentar encontrar financiamentos. Já temos verbas para parte das intervenções, mas conto com o orçamento do próximo ano ter o financiamento para fazer as restantes", assumiu a ministra do Mar.
Em janeiro deste ano, o ministério do Mar tinha anunciado um investimento de 1,4 milhões de euros para as operações de desassoreamento das barras e zonas de aproximação, dos portos da Póvoa de Varzim e Vila do Conde.
As intervenções pretendiam repor as condições de navegabilidade e segurança na área portuária e respetivos acessos das duas cidades, onde se concentra uma das maiores comunidades piscatória do país, que sofrem, frequentemente, com problemas de assoreamento nos seus portos de pesca.
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