“Foi um erro económico gravíssimo porque permite confundir o vinho do Porto com o vinho licoroso. Permite criar uma confusão muito grande no consumidor”, afirmou hoje à agência Lusa Albino Jorge, da Quinta da Boeira e um dos membros fundadores do Observatório.
A petição nacional “Salvem a genuinidade do vinho do Porto e Douro” é a primeira ação desenvolvida pela recém-criada associação, que nasceu com o objetivo de “defender o vinho do Douro e do Porto” e quer contrariar a “falta de representatividade da lavoura duriense” no conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP).
Durante 80 anos e até 2018, o vinho do Porto só podia ser comercializado exibindo no gargalo da garrafa o respetivo selo de garantia, aprovado e emitido pelo IVDP. Nesse ano, o Governo decidiu tornar facultativa a colocação do clássico selo de cavaleiro no gargalo das garrafas, que pode, agora, ser colocado no contrarrótulo.
Quase dois anos depois, o observatório avança com uma petição, que começará a ser divulgada esta semana, e defende a “revogação imediata do decreto-lei 06/2018”.
Este tema mereceu a atenção do Observatório porque, reforçou o responsável, “muitos importadores e clubes do vinho do Porto em vários países começaram a reagir com preocupação ao aparecimento no mercado das garrafas sem selo, permitindo a sua confusão com outras marcas de vinhos licorosos”.
Albino Jorge disse que esta mudança “foi um tiro no pé” que Portugal deu e descreveu que se trata de uma “alteração à fachada” da garrafa de vinho do Porto.
Acrescentou ainda que o abaixo-assinado pretende ser uma “chamada de atenção” que será, depois, entregue no IVDP.
“Considerando que no conselho interprofissional estão representados lavradores exportadores bem como a Associação de Exportadores de Vinho do Porto (AEVP), facilmente se constata que não existe real representatividade da lavoura duriense caso contrário legislação como esta não passaria”, afirmou.
O texto do abaixo-assinado defende que “este selo de garantia é um sinal distintivo que certifica a autenticidade do vinho do Porto” e “se a garrafa não tiver selo de garantia no gargalo é difícil para o consumidor a distinguir o vinho licoroso do vinho do Porto”.
Refere ainda que o decreto-lei “ignora a faculdade visual e distintiva do selo, tratando-o como um simples elemento do domínio da segurança, pese embora o facto do ‘selo à cavaleiro’ ser um símbolo dos vinhos da Região Demarcada do Douro”, tratando-se “da identidade visual, não de uma mera tecnicidade”.
“Não é pelo facto de ser produzido por uma qualquer prestigiada marca que lhe confere o estatuto de vinho do Porto. É por ser produzido na primeira região vinícola demarcada e regulamentada do mundo”, sublinha a petição.
O Observatório de Vinho do Douro e do Porto é uma associação sem fins lucrativos, tem sede em Vila Nova de Gaia e vai reunir pela primeira vez no dia 09 de março.
Para além da direção, vai ter um conselho consultivo composto por 10 personalidades com mais de 65 anos.
Está ainda em preparação a primeira assembleia-geral da associação que terá na agenda a realização do Congresso Mundial das Confrarias Báquicas em Portugal, com confrades de todo o mundo.
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