Afirmando que nos últimos quatro anos os vereadores do PS na Câmara do Porto foram “absolutamente leais e escrupulosamente cumpridores” do acordo de coligação realizado após as autárquicas de 2013 com o movimento independente de Rui Moreira, Manuel Pizarro garantiu que o seu partido “nunca faltou ao Porto”.

“A decisão e atitude do dr. Rui Moreira [em não aceitar o apoio do PS nas autárquicas de 01 de outubro] é legitima como é legitima a posição do PS”, disse Pizarro, acrescentando ter “muito gosto em aceitar o convite” do partido para ser candidato, “uma vez mais, a presidente da Câmara Municipal”.

Pizarro, que é vereador do executivo liderado por Rui Moreira com o pelouro da Habitação e Ação Social, adiantou que “o Porto e os portuenses estão mesmo à frente de tudo” para si e para o PS.

“Vamos fazer uma campanha valorizando que estamos onde sempre estivemos e os cidadãos do porto sabem, porque sabem mesmo, porque viram nos últimos quatro anos, que para mim e para nós o Porto e os portuenses estão mesmo à frente de tudo”, disse aos jornalistas, no final de uma reunião da comissão política concelhia do PS/Porto, onde o seu nome foi aprovado “por unanimidade e aclamação” como sendo o candidato à liderança da autarquia.

Questionado pelos jornalistas se vai manter-se na vereação de Rui Moreira, Manuel Pizarro disse que esse assunto será tratado durante a próxima semana.

Hoje de manhã, questionado sobre a polémica, à entrada para as celebrações dos 30 anos da Casa de Goa, em Lisboa, o primeiro-ministro, António Costa, escusou-se a fazer comentários: “Eu não vou falar aqui de questões partidárias”.

Já à saída, Costa reafirmou que já teve a oportunidade de explicar que quando está em qualquer lugar como primeiro-ministro não fala sobre temas partidários.

“Logo [na convenção autárquicas] poderemos falar sobre o assunto”, concluiu o primeiro-ministro.

A decisão do PS avançar com um candidato próprio à Câmara do Porto surgiu na sequência do movimento independente de Rui Moreira – Porto, O Nosso Partido ter anunciado na sexta-feira que não aceitava o apoio do PS à recandidatura do autarca, depois das declarações da secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes.

Na quarta-feira, a secretária-geral adjunta do PS afirmou, em entrevista ao Observador, que uma vitória de Rui Moreira será “uma vitória do PS” e na quinta-feira, à Lusa, admitiu que as suas palavras podiam ser mal interpretadas, notando que, "evidentemente, a vitória de Rui Moreira será a vitória Rui Moreira”, mas “o PS não deixará de a festejar, uma vez que apoia a sua recandidatura”.

Em entrevista à SIC, Rui Moreira afirmou na sexta-feira à noite que pretendia contar com o socialista Manuel Pizarro na sua lista de recandidatura, nunca numa segunda posição.

Apesar de não fechar em definitivo a porta a uma manutenção do apoio do PS, o presidente da Câmara do Porto criticou os socialistas por, pela voz da sua secretária-geral-adjunta, Ana Catarina Mendes, terem tentado “fazer crer que há uma coligação informal” entre o PS e o movimento independente que apoia Rui Moreira.

Questionado sobre se pretendia incluir na sua lista Manuel Pizarro, que em 2013 liderou a candidatura do PS à Câmara do Porto e, como vereador, assinou um acordo com Rui Moreira para assumir pelouros no mandato, Rui Moreira disse esperar contar com ele “pela competência, pelo seu desempenho, não por ser dirigente ou militante socialista”.