“É uma operação organizada pelos serviços especiais russos e bielorrussos e está a tornar-se cada vez mais intensa”, afirmou o vice-ministro do Interior polaco, Maciej Wasik, numa conferência de imprensa, citado pela agência francesa AFP.
Varsóvia acusa a Rússia e a Bielorrússia de usarem migrantes e refugiados do Médio Oriente e do norte de África para desestabilizar a Polónia e outros países da União Europeia (UE), considerando tratar-se de uma forma de “guerra híbrida”.
Os serviços de fronteira bielorrussos tornaram-se “um grupo criminoso comum que organiza a migração ilegal”, afirmou o comandante-chefe da Guarda de Fronteiras polaca, general Tomasz Praga, no mesmo encontro com a imprensa.
Segundo o general Praga, 19 mil migrantes tentaram entrar na Polónia desde o início do ano, em comparação com 16 mil em 2022.
“O recorde foi batido em julho, quando mais de quatro mil pessoas tentaram atravessar a fronteira”, disse.
A Polónia tem atualmente mais de cinco mil militares da guarda fronteiriça, dois mil soldados e 500 efetivos da polícia de choque destacados na fronteira com a Bielorrússia.
Na segurança fronteiriça, participa ainda um número variável de membros de um grupo paramilitar voluntário, segundo dados citados pela agência espanhola EFE.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, afirmou recentemente que são de esperar novas ações bielorrussas na fronteira para “provocar tensão e instabilidade no flanco oriental da NATO”.
Segundo Morawiecki, “os russos estão a testar a capacidade de reação da Polónia e aliados” com o envio de mercenários do Grupo Wagner para a região.
No final de julho, Varsóvia denunciou a presença de uma centena de mercenários no corredor de Suwalki, uma faixa de terra estratégica onde se encontram as fronteiras da Polónia, Rússia, Bielorrússia e Lituânia.
Morawiecki disse, na altura, que os mercenários “provavelmente estarão disfarçados de guardas” da fronteira bielorrussa e ajudarão migrantes clandestinos a entrar no território polaco.
A Polónia é membro da União Europeia (UE) e da NATO e tem manifestado preocupação sobre a segurança nas fronteiras no leste face à vizinha Bielorrússia, aliada da Rússia.
Estes receios aumentaram com a chegada à Bielorrússia de milhares de combatentes do Grupo Wagner, após uma breve rebelião contra a hierarquia militar russa em junho.
Desde o verão de 2021, milhares de migrantes e refugiados atravessaram ou tentaram atravessar a fronteira polaca.
O Ocidente acusou a Bielorrússia de orquestrar este afluxo com o aliado russo, no âmbito de um ataque híbrido, o que Minsk nega.
Em resposta, a Polónia fechou a fronteira a não residentes, incluindo trabalhadores humanitários e meios de comunicação social, durante nove meses.
Também erigiu uma barreira metálica equipada com material eletrónico e autorizou a devolução dos imigrantes, uma prática condenada pelas organizações internacionais e pelos tribunais.
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