Centenas, como ela, fizeram-se à estrada para ouvir Rui Rio e para votar. São militantes de um PSD que inicia um novo ciclo sob o comando do ex-autarca do Porto.
Os delegados ao 37.º Congresso Nacional do PSD começaram hoje a votar, por volta das 09:00, em Lisboa, para os órgãos nacionais do partido que terá Rui Rio como presidente. Maria Inês Guerreiro, candidata pelo PSD à câmara de Ourique, foi a primeira. Os delegados votam até às 11:00 as listas do líder para a Mesa do Congresso, a Comissão Política Nacional e a Comissão Nacional de Auditoria Financeira.
No que respeita aos órgãos com representação proporcional, foram entregues oito listas para o Conselho Nacional, entre as quais a encabeçada pelo ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes em consenso com Rui Rio, e quatro para o Conselho de Jurisdição Nacional.
Olhando para o segundo dia de trabalhos, ontem, Maria Inês Guerreiro , de 40 anos, vice-presidente da concelhia e presidente da distrital de Beja, destaca o discurso e a coerência de Luís Montenegro, que admira, e que anunciou que deixará o seu lugar de deputado por discordar da nova liderança, apesar de continuar a apoiar o partido como militante activo. E fala na união do partido e no início de um novo percurso para chegar onde sempre devia ter estado, na governação, "para bem do país e do PSD".
O segundo dia de trabalhos ficou marcado pela intervenção do ex-líder parlamentar Luís Montenegro, que anunciou que vai deixar o parlamento a 05 de abril, 16 anos depois de ter tomado posse, e prometeu ao partido que poderá no futuro disputar a liderança.
“Conhecem a minha convicção e a minha determinação, se for preciso estar cá, eu cá estarei, para o que der e vier, sem receio de nada e sem estar por conta de ninguém, sou totalmente livre”, afirmou Montenegro, na intervenção mais aplaudida de sábado, a par da de Pedro Santana Lopes.
O candidato derrotado à liderança fez uma intervenção a apelar à unidade e convergência, explicando que foi em nome do “sentido de responsabilidade” que aceitou um entendimento com Rio para listas de unidade à maioria dos órgãos nacionais.
Por seu lado, o ex-vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento saudou, “sem pudor nem vergonha”, a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para Presidente, a quem pediu que apoie e patrocine pactos de regime.
Antes da meia-noite, a moção de estratégia global do presidente eleito do PSD, Rui Rio, foi aprovada por unanimidade. As 21 propostas temáticas foram também todas aprovadas, incluindo uma proposta que defende um debate para a legalização "responsável e segura" do uso da canábis para fins terapêuticos e recreativos.
O segundo dia do congresso ficou ainda marcado pelo anúncio da nova direção de Rui Rio: David Justino, Elina Fraga, Isabel Meireles, Manuel Castro Almeida, Nuno Morais Sarmento e Salvador Malheiro são os novos vice-presidentes do PSD e Feliciano Barreiras Duarte o futuro secretário-geral dos sociais-democratas.
A escolha de Elina Fraga provocou uma reação indignada da ex-ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz, que acusou Rui Rio de traição, uma vez que a ex-bastonária da Ordem dos Advogados, em 2014, apresentou uma queixa contra todos os ministros do Governo PSD/CDS de Pedro Passos Coelho que aprovaram o mapa judiciário.
Outro sinal de descontentamento no sábado partiu de algumas distritais, como Viseu, Setúbal ou Porto, que se sentiram pouco representadas nos órgãos nacionais, fruto da negociação entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes.
A sessão de encerramento da reunião magna do PSD está marcada para hoje às 13:00, com a proclamação dos eleitos e o discurso de encerramento do presidente do partido. O segundo discurso de Rui Rio será, de acordo com fontes do partido, mais virado para o país, depois de na sexta-feira ter sobretudo clarificado o posicionamento do PSD e os desafios internos.
No final dos trabalhos, marcarão presença uma delegação centrista encabeçada pela líder do CDS-PP, Assunção Cristas, a secretário-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes. O PCP faz-se representar pelos dirigentes Armindo Miranda e Ana Gusmão e o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) estará representado por dois dirigentes nacionais, Joana Silva e Rogério Cassona. O BE, como habitualmente, não envia qualquer delegação.
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