O Brasil assinala na quarta-feira o bicentenário da independência de Portugal, um evento que contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o coração de D. Pedro IV, que em agosto, num voo que integrou também o presidente da autarquia portuense, Rui Moreira, seguiu para Brasília para estar presente como memória e homenagem ao primeiro rei do Brasil.

O Porto não quis ficar por aí e divulgou agora o seu programa comemorativo.

“Conseguimos um enquadramento adequado (…) e baseamos isto na Cultura. Não pode haver aqui uma relação de tutela (…). Ouvi comentários aqui e ali que são quase neocolonialistas, mas a nós não nos compete interferir no momento presente da democracia brasileira. O importante é que são 200 anos de uma celebração entre dois povos adultos, duas democracias e, nesse sentido, procuramos essa diversidade”, sustentou o autarca.

Segundo o programa a que a Lusa teve acesso, a comemoração começa à meia-noite de quarta-feira, com a projeção da bandeira do Brasil nos Paços do Concelho, assim se mantendo durante 24 horas. Na mesma data, pelas 18:00, no Instituto Pernambuco Porto Brasil, realiza-se o debate “Desafios sociais”, integrado no evento denominado Fórum Independência com Integração.

Para Rui Moreira, o facto de o Brasil estar em campanha eleitoral para as eleições presidências que decorrerão no início de outubro não deve ser confundido com a programação.

“Procuramos [ter] uma programação o mais multifacetada possível, não podia ser apenas um lado da história, não podia ser o Brasil visto apenas de Portugal, tinha de ser também a presença do Brasil aqui”, argumentou Rui Moreira, lembrando a “ligação histórica (…) muito relevante da cidade do Porto ao Brasil, não apenas através de D. Pedro”, mas também daqueles que vivendo na zona do Porto “emigraram para o Brasil”.

Para além disso, assinalou, “foi uma independência ‘sui generis’. Não há muitos países que se tenham tornado independentes como o Brasil se tornou de Portugal. No fundo foi um processo pacífico e que apesar de ter tido alguma controvérsia não teve as ‘dores’ que se verificaram “noutras descolonizações”.

“Não podemos fazer [leituras políticas] porque essas são as circunstâncias [eleições] e já tivemos circunstâncias estranhas no nosso país e não foi por isso que o Brasil e Portugal deixaram de ter a relação de povos irmãos que somos”, insistiu o autarca.

Com regresso ao Porto agendado para sexta-feira, o coração de D. Pedro estará novamente exposto no Salão Nobre da Irmandade da Lapa, no sábado e no domingo, culminando com a cerimónia da guarda, às 16:30, na Igreja da Lapa. Esta cerimónia terá um apontamento musical no Monumental Órgão de Tubos, com interpretação de obras de J. S. Bach, Marcos Portugal e D. Pedro IV.

Entre sábado e segunda-feira decorrerá, na Sala de exposições da Irmandade da Lapa, a mostra “D. Pedro IV: Um coração, uma vontade”, num calendário que assinalará, também, a morte do monarca, a 24 de setembro, com o Coro Polifónico da Lapa, Banda do Exército (destacamento do Porto) e Filipe Veríssimo (órgão), sob direção do Capitão Artur Cardoso, com interpretação de obras de Wagner, Caccini, Elgar, Gregson e D. Pedro IV.

O seu nascimento, a 12 de outubro, figura também no programa cultural com nova atuação do Coro Polifónico da Lapa e da Orquestra D. Pedro IV, sob direção de Filipe Veríssimo, interpretando obras de Marcos Portugal e D. Pedro IV.

Pelo meio, de 23 a 25, decorrerá o Festival MIMO e em novembro serão lançados dois livros, terminando o ano com a exposição “Pedro, a independência do Brasil e o Porto” que inaugura a 01 de dezembro e se estende até março de 2023.