“A nossa prioridade enquanto Biblioteca Pública Municipal do Porto é a de garantir o acesso aos periódicos, neste caso os que maior relevância têm na história e na investigação sobre a cidade do Porto e a região do Porto”, disse à Lusa Jorge Sobrado, diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, a propósito do plano com 15 pontos a que a Lusa teve acesso.
Em causa está o encerramento temporário da Biblioteca Pública Municipal, em frente ao Jardim Marques de Oliveira (conhecido como São Lázaro), cujo início das obras de reabilitação está previsto para 2024, e cujo calendário de encerramento, que está a ser revisto, será divulgado “muito brevemente”.
Segundo o plano de mitigação dos efeitos do encerramento temporário, a ‘linha azul’ para investigadores, com equipa e atendimento dedicados, permitirá o “agendamento com 24 horas de antecedência mínima e possibilidade de agendamento regular, quinzenal, mensal”, bem como “encurtar o tempo” de atendimento, segundo Jorge Sobrado.
O plano compreende ainda a “disponibilização do fundo de periódicos históricos do Porto (…) para trabalhos de investigação, noutras instalações, até à concretização de outras respostas”.
Em causa estão títulos como o Jornal de Notícias, O Primeiro de Janeiro, O Comércio do Porto, O Portuense, a Gazeta Literária do Porto e o Periódico dos Pobres do Porto, entre outros.
Questionado acerca da petição que vários investigadores assinaram defendendo a preservação da consulta de “fontes primárias à escala nacional”, noticiada no dia 12 de maio pelo Público, Jorge Sobrado disse que “essa é uma responsabilidade nacional”, apesar de reconhecer ser “imperativo de manter a disponibilidade e salvaguardar os periódicos históricos do país”.
O responsável diz que a opção do município é baseada “naquilo que é o histórico de consultas” na biblioteca pública nos últimos 10 anos, que é “relevante” para os periódicos da cidade, sendo “muito pouco relevante, para não dizer mesmo irrelevante, o pedido de acesso a outros jornais”.
“Existem outras bibliotecas públicas na região, nomeadamente a biblioteca pública em Braga, ou outras bibliotecas que possam dispor desses fundos”, disse ainda à Lusa.
No plano, o município garante a “continuidade do serviço de consulta a ‘Manuscritos & Reservados’ e ao fundo de Livro Antigo”, na Biblioteca Municipal Almeida Garrrett (BMAG), que terá uma “sala preparada para o efeito”, além da sala multimédia ser alvo de transformação e adaptação “para atendimento de investigadores”.
O horário da biblioteca Almeida Garrett será alargado a partir de outubro (09:00 às 21:00, segunda a sábado), estando dentro dos planos de mitigação a “criação de serviço de ‘take-away’ de títulos nas instalações provisórias”.
Haverá também lugar à “seleção de um Fundo Local dedicado a Autores do Porto e estabelecimento de uma listagem de ’50 Autores Fundamentais do Porto’ cujos respetivos acervos não serão condicionados”.
O plano prevê também o “estabelecimento e desenvolvimento de uma parceria com uma Entidade do Sistema Científico e Tecnológico” para digitalizar os títulos históricos portuenses.
Paralelamente às medidas de mitigação, o plano inclui também medidas de reforço e modernização dos serviços das Bibliotecas Municipais, a dinamização do já anunciado projeto Biblioteca Errante, o reforço do apoio às bibliotecas escolares, a “renovação regular dos fundos gerais de livre acesso” e o “funcionamento regular do Bibliocarro em 20 bairros da cidade, por mês”.
Hoje é também reaberta a Biblioteca Popular de Pedro Ivo, no Marquês, dedicada à literatura infanto-juvenil, naquele que é “um reencontro da biblioteca com a sua ideia fundadora, com o seu conceito original, e com uma função de proximidade das bibliotecas municipais”, segundo Jorge Sobrado.
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