Num comunicado partilhado na sua conta oficial de Facebook, a Porto Editora Porto anuncia que vai trabalhar com Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.

"A Porto Editora acolhe a proposta da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género para trabalhar em conjunto com as autoras dos blocos de atividades que originaram a polémica, no sentido de rever os exercícios que possam ser considerados discriminatórios ou desadequados", pode ler-se na publicação.

No comunicado, a Porto Editora anuncia que já "suspendeu a venda destes livros e vai transmitir às livrarias e demais pontos de venda essa indicação".

Recorde-se que, horas antes, a Comissão para a Igualdade de Género (CIG) recomendou a retirada do mercado dos Blocos de Atividades que distinguem entre meninos e meninas, por orientação do ministro-adjunto, alegando que podem promover a diferenciação do papel de género.

“A CIG, por orientação do ministro-adjunto, recomendou à Porto Editora que retire estas duas publicações dos pontos de venda (…), no sentido de eliminar as mensagens que possam ser promotoras de uma diferenciação e desvalorização do papel das raparigas no espaço público e dos rapazes no espaço privado", lê-se num comunicado enviado pelo gabinete de Eduardo Cabrita.

A polémica com os dois blocos de exercícios, um para meninas, cor-de-rosa, e outro para meninos, azul, dos quatro aos seis anos, começou na terça-feira nas redes sociais, tendo já a editora negado, na sua página do Facebook, as acusações de discriminação de género e preconceito.

A GIC considera que as cores, temas e grau de dificuldade diferentes para rapazes e raparigas das duas publicações “acentua estereótipos de género que estão na base de desigualdades profundas dos papéis sociais das mulheres e dos homens”.

O comunicado dá como exemplo uma atividade dirigida aos rapazes na qual é promovido o contacto com o exterior (campo, árvore, ancinho, águia, etc.), enquanto para as raparigas apresenta cinco objetos, todos eles ligados a atividades domésticas (leite, manteiga, iogurte, alface e maçã), facto que é considerado discriminatório.

“Ainda num outro exemplo, a proposta para os rapazes é a de um cientista construir um robô, enquanto para as raparigas é a de ajudar a mãe a preparar o lanche”, acrescenta a nota.

As publicações apresentam, ainda, diferentes graus de dificuldade em algumas das atividades propostas para meninos e meninas.

A Porto Editora vai sugerir o agendamento de uma reunião de trabalho com a CIG com a brevidade possível.