A deputada socialista foi uma das convidadas para uma receção de boas-vindas na residência oficial de May, em Downing Street, na véspera da primeira conferência mundial de mulheres parlamentares, que terá lugar no parlamento britânico.
"Foi uma receção de encorajamento para que se faça esta rede de mulheres parlamentares. Eu estou a representar Portugal e tenho a responsabilidade de falar dos progressos que foram feitos, nomeadamente a lei da paridade, que permite às mulheres preencher mais lugares públicos", disse à agência Lusa.
Porém, também reconheceu que Portugal "ainda tem algumas lutas a travar", tendo em conta que May é já a segunda primeira-ministra britânica, enquanto que Portugal só teve Maria de Lourdes Pintassilgo à frente de um governo em Portugal, por poucos meses, em 1979.
Numa alocução às convidadas, a líder do Partido Conservador britânico ressalvou o facto das presentes representarem países, culturas e origens diferentes e até famílias políticas diferentes, mas com o compromisso comum de serviço público.
"Hoje, em 2018, vemos mais do que nunca membros do sexo feminino de parlamentos e assembleias legislativas em todo o mundo. E isso é uma boa notícia para todos os cidadãos que servimos. Mais mulheres em cargos eleitos significa uma voz maior falando sobre questões que afetam as mulheres", saudou Theresa May.
A chefe do governo britânico ressalvou: "Ser eleito é apenas parte da luta, também temos de fazer o sistema funcionar uma vez que fazemos parte dele, e fazê-lo num ambiente geralmente dominado por homens e masculino não é sempre fácil".
Ana Catarina Mendes é uma das 120 mulheres parlamentares de 86 países, incluindo Peru, Gana e Nova Zelândia, que vão participar no evento de quinta-feira, que se realiza no âmbito das comemorações dos 100 anos desde que foi dado o direito de voto às mulheres no Reino Unido.
Entre as convidadas estão Lana Prlić, jovem deputada da Bósnia e Herzegovina que se distinguiu ao apoiar a sentença contra o próprio tio, Jadranko Prlić, por crimes de guerra contra muçulmanos bósnios; Ya Kumba Jaiteh, líder da associação de mulheres advogadas da Gâmbia; Shirin Sharmin Chaudhury, a primeira mulher designada líder do parlamento do Bangladesh; e Bassma Kodmani, proeminente membro da oposição síria.
Coanfitriã com a deputada trabalhista Harriet Harman, a ministra para o Desenvolvimento Internacional e responsável pela pasta das Mulheres e Igualdades, Penny Mordaunt, vai dizer no discurso de abertura que é uma "realidade chocante" que os direitos das mulheres caíram da agenda global.
Elogiando as participantes por terem superado os desafios nos seus próprios países, vai exortar a que, juntas, redobrem a luta pelos direitos das mulheres e que estas se comprometam a não serem dissuadidas por barreiras políticas.
"A nossa mensagem é simples, os direitos das mulheres são direitos humanos", vai dizer, segundo um excerto do discurso revelado pelo seu gabinete.
Ao longo de quinta-feira vão realizar-se grupos de trabalho sobre questões enfrentadas pelas mulheres parlamentares em todo o mundo, como intimidação e assédio, e à tarde terão lugar debates sobre a violência contra mulheres e jovens, planeamento familiar e educação.
A deputada socialista portuguesa vai fazer parte do grupo de trabalho sobre o poder económico, no qual pretende "destacar aquilo que Portugal tem vindo a fazer para diminuir as assimetrias entre homens e mulheres", como a recente aprovação do aumento de 33,3 para 40% da quota de representação dos dois sexos nos órgãos de poder político e nos cargos dirigentes da administração pública.
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