Os encontros com os parceiros internacionais foram realizados à margem da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Augusto Santos Silva disse à agência Lusa que as intervenções de Portugal e do resto dos participantes iam ao encontro dos apelos de estabilização feitos pelo secretário-geral da ONU e pela União Europeia, expressando a necessidade de respeitar os respetivos acordos políticos e garantir condições de segurança para o trabalho dos militares portugueses destacados naquelas regiões.
Portugal tem quase 200 militares destacados na República Centro-Africana, que constituem a única Força de Reação Rápida da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).
"Nós estamos envolvidos na operação de paz da República Centro-Africana, continuaremos a estar, mas queremos que o processo político avance", declarou o ministro.
Para Santos Silva, a necessidade de melhorar as condições de segurança na RCA e rever, em conformidade, o mandato da missão MINUSCA, é uma das necessidades mais básicas, porque "tem a ver diretamente com a segurança” dos militares portugueses.
Acrescenta-se também a necessidade de cumprir o acordo que foi feito entre o Presidente da RCA e 14 grupos armados em fevereiro passado, assim como a realização de eleições presidenciais e legislativas até ao início do próximo ano.
O presidente da RCA, Faustin-Archange Touadéra, também esteve numa das reuniões.
O Exército português participa, também, em operações de formação e capacitação no Mali, no quadro da missão da União Europeia, sendo que a região do Sahel representa "uma questão essencial de segurança para Portugal", referiu o governante.
Segundo o ministro, a prioridade para o Sahel é garantir o apoio aos esforços de combate ao terrorismo e a criação de uma força conjunta pelos cinco países do Sahel (o chamado G5, constituído por Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger).
O Mali é um "foco de instabilidade muito grande" e representa um "interesse direto" para a diplomacia portuguesa, razão pela qual Portugal pede o avanço do processo de reconciliação nacional, afirmou.
Augusto Santos Silva explicou que Portugal "tem interesses diretos no Sahel, basta pensar que países de língua portuguesa como a Guiné-Bissau estão imediatamente a sul da região".
Outro fator importante é que mais de metade do petróleo importado por Portugal passa pelo Golfo da Guiné.
"Basta pensar, por exemplo que o único país africano não lusófono com o qual Portugal tem um acordo de cooperação na área da defesa, que é a Costa do Marfim, é um país que faz fronteira com o Mali e Burkina Faso, para perceber que temos interesses diretos de segurança associados à estabilização desta região", continuou.
O chefe da diplomacia portuguesa adiantou que “há efeitos que são recíprocos, o Sahel é vítima da instabilidade na Líbia, a Líbia é vítima da instabilidade no Sahel”.
“Temos de olhar para esta vizinhança imediata da União Europeia com muita atenção", defendeu.
Comentários