Marcelo Rebelo de Sousa falava na Sala das Bicas do Palácio de Belém, após um encontro com o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, que iniciou hoje uma visita de Estado a Portugal, concentrada em Lisboa, que termina na quarta-feira, dia 5.

O Presidente português considerou que a sua deslocação à China em 2019, "correspondendo a convite acabado de formular" por Xi Jinping, e "a assinatura de um memorando de entendimento" sobre a iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota" simbolizam a parceria entre os dois Estados.

"Simbolizam bem a parceria que desejamos continuar a construir, com diálogo político regular e contínuo, a pensar no muito que nos une", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Sobre a cooperação económica e financeira entre a China e Portugal, o chefe de Estado português descreveu-a como "forte", acrescentando: "E queremos que seja sustentável e duradoura no futuro".

No seu entender, também "pode e deve avançar" a cooperação luso-chinesa "na comunidade que fala português, até porque a língua portuguesa é uma das mais faladas no globo e porventura a liderante no hemisfério sul".

Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa saudou a "cooperação cultural, universitária, científica, tecnológica", dizendo que "cresce de dia para dia".

O Presidente português considerou que esta visita de Estado de Xi Jinping a Portugal "pode fazer história" e referiu que acontece "quase 40 anos depois" do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países.

Veja aqui algumas das imagens do primeiro dia da visita oficial do Presidente chinês a Portugal:

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu Xi Jinping e a sua mulher, Peng Liyuan, à entrada do Palácio de Belém pelas 16:05, após uma cerimónia de boas-vindas na Praça do Império, em Lisboa.

Seguiu-se um encontro a três, depois alargado às delegações portuguesa e chinesa, e pelas 17:15 os dois presidentes fizeram cada um uma declaração perante a comunicação social, nas respetivas línguas.

Xi Jinping assumiu a presidência em 2013 e é o quarto chefe de Estado da China a visitar Portugal, depois de Hu Jintao, em 2010, de Jiang Zemin, em 1999, e de Li Xiannian, em 1984.

Nas declarações conjuntas com Xi Jinping aos jornalistas, sem direito a perguntas, o Presidente português defendeu ainda que China e Portugal podem trabalhar em conjunto pela valorização do direito internacional, desde logo, nas Nações Unidas, pelo multilateralismo e pelos direitos humanos.

O chefe de Estado referiu que os dois países estão "longe em termos geográficos" e têm "aliados muito diferentes", mas defendeu: "Isso não nos impede de trabalharmos em conjunto para a valorização do papel do direto internacional, das organizações internacionais, a começar nas Nações Unidas".

"Nem de defender o multilateralismo, os direitos humanos, a resolução pacífica dos conflitos. Nem de apoiarmos o livre comércio e as pontes de entendimento entre Estados e povos. E estarmos em permanência atentos ao ambiente e às alterações climáticas", acrescentou.

Em nome de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa saudou Xi Jinping e disse-lhe: "Esta sua primeira visita de Estado a Portugal pode fazer história. Contribuirá mesmo para a felicidade dos nossos dois povos. Sinta-se em sua casa".

O Presidente português considerou que "o mundo de hoje exige que os povos e os Estados superem as naturais diferenças de história, de cultura, de visão da sociedade e criem condições para mais paz, mais segurança, mais justiça".

No quadro global, descreveu Portugal como um país situando num "estratégico canto da Europa e que dele e das ilhas do Atlântico olha para as Américas e para África, com comunidades importantes em todo o universo".