“Nós sabemos que a frequência da educação pré-escolar de qualidade, pelo menos durante um ano, é um grande influenciador para que todo o percurso educativo possa ser um sucesso”, disse o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, em entrevista à Lusa no âmbito do arranque do ano letivo.
Para este ano que agora começa o plano era abrir mais 50 grupos de pré-escolar, mas a tutela “conseguiu abrir mais 80” salas, que equivalem a “mais de duas mil vagas”.
Segundo Brandão Rodrigues, as vagas situam-se nas regiões onde existe mais procura, ou seja, nas zonas urbanas de Lisboa e do Porto, mas também nas regiões “sujeitas a grandes levas migratórias internas”.
O ministro explicou que alguns concelhos do país têm sofrido, de um ano para o outro, flutuações migratórias que obrigam à oferta de mais “200 ou 300 vagas”.
Sobre a promessa do Governo em garantir a universalidade do ensino pré-escolar, disse haver lugares para todas as crianças através do cruzamento da oferta do setor público com o setor social e solidário e o privado: “Existe já uma quantidade de vagas que vai dando resposta em todos os concelhos do país às necessidades de agora”.
Tiago Brandão Rodrigues saudou ainda a estagnação da tendência de diminuição de nascimentos, que se tem revelado um desafio para a tutela conseguir dar resposta às famílias.
Vários estudos indicam que os alunos que frequentam o ensino pré-escolar têm mais sucesso ao longo da sua vida escolar.
Na semana passada, novos dados revelaram uma redução do insucesso e este ano voltou a baixar também a percentagem de alunos que abandona a escola antes do tempo, lembrou.
Se no ano passado, o abandono precoce atingiu os 8,9%, no primeiro semestre do ano baixou para os 6,5%, recordou o ministro, sublinhando que “cada 1% são dezenas de milhares de crianças e jovens”.
“São dezenas de milhares de famílias que têm os seus filhos na escola e que, no passado, na geração dos pais, dos tios ou dos primos mais velhos estavam em situação de abandono”, disse.
Tiago Brandão Rodrigues apontou visitas feitas a escolas e turmas onde “praticamente todos os alunos eram os primeiros da sua família a chegar ao ensino secundário”.
Estes 6,5% de jovens que ainda abandonam a escola são “os mais vulneráveis social e economicamente”, mas também as crianças da educação inclusiva.
"Agora temos de trabalhar. Temos de trabalhar com os migrantes, com as minorias étnicas, mas também com todos aqueles que potencialmente não encontram na escola a resposta que os leva a ficar", defendeu.
Com a descida da percentagem de abandono, Portugal afasta-se ainda mais da meta dos 9% traçada para 2030 para a Europa.
Há apenas duas décadas, no início do século, quase metade dos jovens (45%) em Portugal deixava de estudar antes do tempo, numa altura, em que a média europeia de abandono era de 17%.
As aulas arrancam esta semana para cerca de 1,2 milhões de alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade.
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