"Eu acho que o segundo mandato vai ser mais difícil, se for atribuído pelos portugueses", declarou o chefe de Estado e candidato presidencial, em entrevista à TVI, referindo que não sabe quando acabará a pandemia de covid-19 e qual a duração e profundidade da crise económica e social.
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que, "quanto mais longo for tudo isto, maior a desigualdade entre os portugueses", realçando que "esse é um fator que está a agravado".
"E quanto maior for isto tudo, maior o stresse do sistema político. Ora, o sistema político, quando eu entrei, tinha um fator de stresse, que eram dois hemisférios que não se podiam ver um ao outro, ambos achavam que tinham legitimidade para governar o país. Agora é mais do que isso: os hemisférios existem, só que dentro dos hemisférios há mais parceiros, há mais protagonistas, há mais pulverização", acrescentou.
Segundo o Presidente recandidato, "portanto, é mais difícil a sustentabilidade da área de esquerda no poder e é mais complexa a construção de uma alternativa de direita na oposição".
Questionado se lhe passa pela cabeça a possibilidade de no próximo ano haver eleições legislativas antecipadas, respondeu: "Não, isso não passa".
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que o Orçamento do Estado para 2021 foi aprovado, que no primeiro semestre Portugal terá a presidência da União Europeia e que depois haverá eleições autárquicas.
"E logo a seguir há o debate interno nos partidos pelo termo do mandato de muitas lideranças. O que significa que não é desejável e não é previsível nenhuma crise em 2021 - política, as outras já existem", concluiu.
Nesta entrevista, conduzida pelo diretor de informação da TVI, Anselmo Crespo, o Presidente da República reiterou que não vê constitucionalmente como vetar uma eventual futura solução governativa com o apoio do Chega.
"Eu não posso discriminar, por razões de simpatia ou antipatia, um partido e os deputados desse partido numa votação do Programa do Governo, nem os eleitores. Eu quando digo que sou Presidente de todos os portugueses, não sou de todos menos 10%", justificou.
Em seguida, perguntou: "Imagine que o candidato deputado André Ventura é eleito Presidente da República. Não lhe dão posse? Imagine que amanhã esse partido obtém maioria absoluta. Não pode formar Governo? Já viu bem onde é que se entrava?"
Quanto à facilidade em se formar uma maioria de direita sem o Chega, respondeu: "Isso já não é um problema para mim. Isso é um problema para os líderes partidários, e sobretudo para o eleitorado".
"Eu também já fui líder partidário. Se me perguntassem com quem é que eu queria fazer Governo, era: com o PSD. E a não ser com o PSD? Com o CDS. Ponto final, parágrafo", apontou.
Contudo, interrogado depois se estava a dizer que não faria um Governo com o Chega, Marcelo Rebelo de Sousa falou apenas no passado: "Na altura não havia Chega, mas era assim que eu fazia, como líder partidário. Hoje não sou líder partidário, sou Presidente da República".
Relativamente a eventuais problemas de constitucionalidade nas posições que o Chega tem assumido, o chefe de Estado e candidato presidencial remeteu essa questão para o Tribunal Constitucional.
"É o Tribunal Constitucional que tem de ver, ele é que tem de julgar. O processo hoje é muito claro: o Ministério Público pede, Tribunal Constitucional decide", disse.
Na parte final desta entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que está a organizar as refeições de Natal tendo como "número ideal" cinco pessoas na mesma mesa e fez um apelo aos portugueses "para que não estraguem" aquilo que se alcançou em termos de contenção da covid-19 no país.
(Notícia atualizada às 23:47)
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