“É por achar que a democracia e a política estarão de volta ao PSD que não preciso de ser candidato neste Congresso. E não serei”, afirma, numa ‘declaração de não candidatura’ enviada à Lusa.

Na nota, Paulo Colaço recorda que está “há dez mandatos” no CJN, considerado o ‘tribunal’ do partido, dois deles como presidente, dizendo que esta longevidade pode fazer alguém correr “o risco de começar a achar que o lugar é seu”.

“Eu ainda não acho, mas não quero arriscar um dia não saber a diferença”, refere.

Depois de dois anos e meio como presidente do CJN e de vários conflitos com a direção presidida por Rui Rio, Paulo Colaço diz sair “muito descansado – contente, até” com o trabalho que efetuou.

“Cumpri e fiz cumprir os Estatutos; reconheci e fiz reconhecer os direitos dos militantes; respeitei e fiz respeitar os diversos órgãos do partido, das bases ao Congresso. No fundo, ajudei a mostrar que no PSD há separação de poderes e que ninguém – por mais cimeira que seja a sua posição – está isento de observar as regras internas”, defendeu.

Para Paulo Colaço, “foi a falta de diálogo, a sobranceria e um desolador maniqueísmo que elevou a níveis nunca vistos a conflitualidade interna”.

“Se muito trabalho teve o CJN nestes dois anos e meio, foi porque alguma gente não se achou igual aos demais, mas superior. Ungida”, criticou.

Pelo contrário, o dirigente social-democrata manifestou-se otimista quanto ao novo presidente eleito, Luís Montenegro.

“Acredito que o Luís Montenegro recuperará a veia democrática que antes havia no partido e fará do diálogo ‘de igual para iguais’ a sua forma de trabalhar”, afirmou.

Na nota, Paulo Colaço deixa um agradecimento a todos os que no partido o ajudaram, desde os funcionários da sede nacional aos que com ele partilharam as funções na Jurisdição, bem como aos amigos que foi fazendo ao longo dos vários Congressos.

“A todos, e aos muitos militantes que me deram força, endereço a minha gratidão”, assegurou.

No 38.º Congresso do PSD, em fevereiro de 2020, a lista de Paulo Colaço foi a mais votada para o CJN, derrotando a lista da direção, encabeçada pelo ex-líder parlamentar do PSD Fernando Negrão.

No último Congresso, em dezembro do ano passado, Colaço voltou a derrotar a lista da direção, encabeçada pelo até então vice-presidente Nuno Morais Sarmento.

O CJN é eleito por método de Hondt, pelo que o primeiro nome da lista mais votada é o presidente do órgão.

Durante o seu mandato enquanto presidente, a CJN teve várias polémicas públicas com a direção, sendo a maior a aplicação por este órgão de uma sanção de advertência ao então líder parlamentar Adão Silva, que foi depois anulada pelo Tribunal Constitucional (TC).

O CJN considerou que quer Adão Silva quer Rui Rio (que não teve sanção) violaram os estatutos do partido por não terem dado seguimento a uma moção setorial aprovada no 38.º Congresso que pedia um referendo sobre a eutanásia.

Este episódio motivou duras trocas de críticas entre a direção e o CJN, com este órgão e o seu presidente a serem acusados de promover um “processo político” com a matéria da eutanásia e de prejudicarem o partido num momento de “foco” nas autárquicas.

Na altura, Paulo Colaço respondeu acusando a direção de fazer um ataque “inaceitável à honorabilidade e qualidade” dos membros do CJN.

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