Há, "claramente, muita pressão sobre a organização e como sempre, o meu interesse tem sido o de proteger a corporação", afirmou numa entrevista que será transmitida, na íntegra, precisamente pela ABC, a televisão pública australiana.
A renúncia de Milne surge quatro dias após ter sido despedida a diretora, Michelle Guthrie, vencedora de vários prémios jornalísticos e frequentemente criticada pela coligação conservadora do Governo por supostamente não representar os interesses da emissora pública.
O grupo de 'media' Fairfax revelou que em maio Milne pediu a Guthrie que demitisse a jornalista Emma Alberici, chefe dos correspondentes da editoria de economia da ABC, na sequência de uma notícia sobre a proposta de reduzir os impostos corporativos que terá desagradado o então primeiro-ministro, Malcolm Turnbull.
Na madrugada de hoje, os responsáveis da ABC reuniram-se com Justin Milne para pedir explicações sobre o e-mail enviado a Guthrie para esta despedir Alberici, após a qual surgiu a demissão do presidente.
Já Malcolm Turnbull, amigo e ex-sócio de Milne, disse que, embora se tenha queixado de imprecisões no artigo de Alberici, "nunca pediu para que alguém fosse demitido."
Entretanto, os jornais da News Corporation, do magnata Rupert Murdoch, publicaram que o até hoje presidente da ABC também ordenou a demissão do editor político, Andrew Probyn.
Essas queixas estão a ser investigadas pelo Ministério das Comunicações australiano.
Depois de conhecer a renúncia de Milne, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, aplaudiu a decisão nas redes sociais.
"A direção da ABC e o seu presidente fizeram o que é correto. É hora da ABC retomar a transmissão normal, independente e imparcial. É isso que os contribuintes australianos pagam e merecem", escreveu o governante na sua conta da rede social Twitter.
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