“Se é possível fazer um plano para uma tourada, um plano para um espetáculo musical, fazer planos para tudo e mais alguma coisa, é também possível, em algum caso que não esteja totalmente preparado, se preparar para fazer um espetáculo de futebol”, afirmou o líder do emblema madeirense, em declarações à agência Lusa.

Carlos Pereira acredita que Portugal poderia ser um exemplo para o resto do Mundo, se fosse autorizada a presença de adeptos nos recintos desportivos.

“É inadmissível que este cenário se continue a colocar, quando os clubes já se disponibilizaram para dar todas as garantias de segurança. Outros países já o fizeram e Portugal, com os números baixos que tem, podia dar o exemplo ao Mundo”, defendeu.

O presidente maritimista não poupou críticas à atual diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, e à distinção feita pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) à DGS, que recebeu o prémio Mérito Fundação do Futebol, no final do mês de agosto.

“É inadmissível ser alguém, que não percebe nada do fenómeno desportivo e que não sabe o que é uma bola de futebol, a tomar esta decisão, prejudicando muito aquilo que é o espetáculo e a vida dos clubes. Infelizmente, estamos a ser comandados por uma pessoa que pouco ou nada sabe sobre o desporto, mas, no entanto, foi premiada, pelo prejuízo que está a causar ao futebol, portanto, é a Liga que temos, são os clubes que temos. São os clubes que não se organizam para ser reivindicativos”, frisou.

Estar num jogo de futebol sem adeptos é o mesmo que “estar num jardim sem flores”, declarou Carlos Pereira, defendendo que o desporto-rei fica “triste e sem vida” sem a presença de público nas bancadas.

“A curva do covid-19 está a subir naquilo que é a infeção, mas está a diminuir acentuadamente no número de mortes, por isso, não se consegue entender como é que ela (Graça Freitas) é capaz de permitir 30% aos ‘ricos’, ou seja, aqueles que têm acesso às tribunas, e não é capaz de abrir 30% aos sócios ou simpatizantes da equipa da casa, para que possam assistir, com toda a segurança, a um espetáculo, que sempre foi tido como o espetáculo do público”, afirmou o 35.º presidente do Marítimo.

Ao leme do clube insular há 23 anos, Carlos Pereira salientou a importância de delegar poderes e defendeu que o primeiro-ministro, António Costa, deveria “intervir”, como tem feito em outras áreas.

“Tudo isto é muito para uma pessoa só. Tudo isto é muito, por não haver delegação de poderes, ou tudo isto é muito por o próprio primeiro-ministro não intervir como deveria intervir”, sublinhou o dirigente.