"É verdade, durante as últimas semanas tivemos problemas, alguns deles graves, com alguns subsistemas, um deles o controlo de fronteiras, que não é diretamente controlado pela ANA, mas trabalhamos com os nossos parceiros de forma ativa para propor ideias e tentar melhorar o serviço", reconheceu Thierry Ligonnière, que está a ser ouvido na Assembleia da República, por requerimento do PSD, para esclarecimentos sobre os problemas nos aeroportos de Lisboa e do Porto.
O responsável acrescentou que o trabalho que está a ser feito com o Ministério da Administração Interna e com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) está a produzir "resultados muito tangíveis durante as últimas semanas", com uma "melhoria notável no tempo de espera no controlo de fronteiras desde 18 de junho".
Thierry Ligonnière lembrou que a época do verão é, "por natureza, mais desafiante" para a gestão aeroportuária.
"Passámos de uma situação onde todos os aviões estavam no chão, em 2020, para uma situação de retoma do tráfego muito dinâmica", apontou.
A audição acontece numa altura em que estão a ser cancelados vários voos, diariamente, nos aeroportos europeus, devido à falta de pessoal, greves e outros fatores externos agravantes, nomeadamente climáticos, relacionados com a covid-19 ou com imprevistos.
Thierry Ligonnière apontou que Portugal “lidera a recuperação do tráfego, neste momento, na Europa”, explicando que a situação em Lisboa é “mais difícil” do que no Porto, porque o Aeroporto Francisco Sá Carneiro tem mais capacidade de reserva do que o Humberto Delgado, daí que o desenvolvimento da capacidade aeroportuária em Lisboa seja “urgente”.
Quanto à classificação da AirHelp, o presidente executivo da ANA acusou o ‘site’ alemão de querer “ganhar notoriedade” de forma “barata”, à custa da reputação dos aeroportos.
A AirHelp divulga anualmente um ‘ranking’ mundial dos aeroportos, no qual o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, surge na 132.ª posição, com uma avaliação geral de 5.76 em 10 pontos, entre os 132 aeroportos avaliados, ou seja, em último lugar.
Já o Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, aparece como o oitavo pior, com uma pontuação geral de 6.46.
Thierry Ligonnière disse que a elaboração daquela classificação assenta num conjunto de critérios desatualizados, de 2018, sem indicação da amostragem, da representatividade ou da metodologia.
“A AirHelp, aliás, não esconde o seu objetivo, […] o objetivo é claro, é ser destacado nos ‘media’ e vender o seu serviço”, vincou.
Segundo o responsável, a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), questionada pela ANA sobre o tema, respondeu que “fez a análise da nota metodológica [do ‘ranking’ da AirHelp], a qual não é suficientemente detalhada para permitir extrair conclusões e análises comparativas, tendo em conta que se refere a dados de 2018, que não é claro o critério/fonte definido para a pontualidade, nem a base de seleção dos aeroportos contemplados”.
“A qualidade de serviço nos aeroportos não se consegue avaliar de forma ligeira por uma empresa ‘xpto’, é um trabalho sério, tem de ser feito por entidade aprovada pelo regulador”, sublinhou o presidente executivo da ANA.
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