“É claramente um gesto político para chamar a atenção. Na verdade, a violação do acordo, tendo em conta o estado atual das relações, é uma mera formalidade”, disse hoje Leonid Slutsky, chefe do Comité de Assuntos Internacionais do Parlamento russo.

Slutsky explicou a decisão do Poroshenko com o ambiente de “histeria pré-eleitoral” que se vive na Ucrânia, onde incluiu igualmente o que chamou de “ato de provocação” no mar Negro, no passado dia 25, quando três navios ucranianos foram alvejados e apresados pela guarda costeira russa, bem como a declaração de estado de emergência decretado por Presidente ucraniano, na sequência desse conflito.

“Para preservar e usurpar o poder (…) Poroshenko quer continuar a usar a Rússia como inimigo externo, evitando assim resolver os problemas económicos domésticos, para bem dos cidadãos ucranianos”, acrescentou Slutsky.

O chefe de comité do Parlamento russo diz que líderes como Poroshenko “vêm e vão”, enquanto a Rússia continua a considerar os ucranianos “um povo irmão”.

Se os deputados ucranianos votarem favoravelmente a decisão do Presidente ucraniano, de renunciar ao tratado de amizade com a Rússia, que regula as relações entre os dois países desde 1997, a rutura com os termos desse acordo entrará em vigor no primeiro dia de abril, ou seja, pouco depois das eleições presidenciais que acontecerão no final de março.

Há alguns meses, as autoridades ucranianas já tinham anunciado que pretendiam rever toda a base legal de cooperação com a Rússia, incluindo o acordo de cooperação nas águas do mar de Azov, onde decorreu o confronto entre as marinhas dos dois países, no passado dia 25.

Contudo, até agora, nunca o Presidente ucraniano, nem o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Pavló Klimin, tinham sido partidários de uma rutura total de relações com a Rússia.