"A minha integridade é importante, não a comprometi", declarou o primeiro-ministro do País de Gales, Vaughan Gething, ao anunciar a sua demissão, ao fim de quatro meses no cargo.

"Tomei a difícil decisão de iniciar o processo de renúncia ao meu cargo de líder do Partido Trabalhista de Gales e, portanto, de primeiro-ministro", escreveu Vaughan Gething num comunicado.

"Eu esperava que durante o verão pudesse ter ocorrido um período de reflexão, reconstrução e renovação sob a minha liderança. Mas reconheço agora que isso não é possível", acrescentou.

Esta terça-feira, pouco antes da renúncia de Gething, quatro ministros galeses anunciaram que vão deixar os seus cargos, acrescentando que não podiam permanecer enquanto o seu chefe de Governo estivesse à frente do Executivo.

Por causa disso, Gething viu-se numa situação difícil para continuar no cargo de primeiro-ministro.

A 5 de junho, Vaughan Gething recusou demitir-se após perder uma moção de censura no parlamento autónomo galês (Senedd).

A moção de censura foi convocada devido a várias razões, começando por críticas a Gething por ter aceitado um donativo de 200 mil libras (235 euros) para a campanha de liderança do partido proveniente de uma empresa de reciclagem cujo proprietário foi considerado culpado de infrações ambientais e de violação das normas de saúde e segurança.

Gething recusou qualquer irregularidade e afirmou que os donativos foram devidamente declarados de acordo com as regras eleitorais.

Vaughan Gething, que nasceu na Zâmbia, filho de pai galês e mãe originária desse país africano, tornou-se em março o primeiro homem negro a liderar uma das nações que compõem o Reino Unido.

A renúncia de Gething ocorre dez dias depois da vitória esmagadora do Partido Trabalhista nas eleições parlamentares britânicas, após 14 anos de poder conservador.

No País de Gales, que tem 3,1 milhões de habitantes, o governo local é responsável por questões como saúde, educação e transportes.