“Nenhum primeiro-ministro pode ser chantageado dessa maneira, caso contrário, todos irão chantagear os primeiros-ministros”, disse Khan, em Islamabad.
O primeiro-ministro disse que iria a Quetta somente após os funerais serem realizados, sendo imediatamente acusado nas redes sociais de não responder à dor dos hazaras
Os 11 mineiros hazara foram mortos no domingo passado numa área montanhosa remota da província do Baluchistão, a província mais pobre do Paquistão, num ataque reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Cerca de 3 mil membros da comunidade hazara bloquearam uma estrada num subúrbio de Quetta, a capital da província. Os manifestantes recusam-se, desde domingo, a enterrar os mortos até que Khan visite a comunidade e forneça garantias de segurança.
“Imran Khan tem que vir. Se não vier, podemos protestar por seis meses ou mais com os corpos”, disse à agência de notícias AFP Ibrahim, um assistente social que se manifestou em Quetta.
“Ele deve vir e não fazer disso uma questão de prestígio, caso contrário, continuaremos a manifestar-nos continuamente”, insistiu.
Vários membros da comunidade hazara também lamentaram as declarações de Khan, dizendo que estavam prontos para expandir o seu movimento, que já atingiu a cidade portuária de Karachi (sul).
A recusa em enterrar os corpos simboliza a angústia dos hazaras, enquanto o rito muçulmano normalmente prevê que o sepultamento ocorra o mais rápido possível, geralmente em 24 horas.
Uma grande parte dos muçulmanos xiitas no Baluchistão são hazara. O Paquistão, predominantemente sunita, tem a segunda maior comunidade xiita do mundo depois do Irão, mas representa apenas 10 a 15% de seus 207 milhões de habitantes.
Facilmente identificados pelas características asiáticas são alvos fáceis para extremistas sunitas que os consideram apóstatas.
Os hazaras sofreram dezenas de ataques desde 2001 no Paquistão e no vizinho Afeganistão.
As autoridades paquistanesas há muito negam a presença do EI em seu território. Mas o grupo assumiu a responsabilidade por vários ataques no passado, como o atentado suicida em abril de 2019 contra um mercado de Quetta, que matou 20 pessoas.
O EI mantém ligações ao movimento local Lashkar-e-Jhangvi, que também se relaciona com os talibãs do Paquistão.
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