Num discurso diante de apoiantes em Budapeste, Orbán admitiu que o seu Governo, com a sua posição próxima do Kremlin, não enfrenta tempo fácil no seio da UE e da Aliança Atlântica, da qual a Hungria é membro.
Orbán acredita que a guerra na Ucrânia, que começou quase há um ano, se vai arrastar por vários anos e assinalou que a Europa envolveu-se “indiretamente” no conflito, enviando armas, ajuda e dinheiro para Kiev.
“A Hungria deve evitar envolver-se na guerra. Isso não é fácil como membro da NATO e da UE, porque todos estão do lado da guerra exceto nós”, disse o chefe do Governo no seu tradicional discurso de “Avaliação do Ano”.
Embora reconheça que a Ucrânia luta pela sua soberania, Orbán reiterou que o seu país continuará a não entregar armas à Ucrânia e manifestou a sua convicção de que a paz só pode ser alcançada através de negociações diretas entre Moscovo e Washington, mas “não entre a Ucrânia e a Rússia”.
Orbán rejeitou também que haja qualquer risco de a Rússia atacar diretamente a NATO, justificando que a guerra demonstrou que Moscovo não tem o poder militar para o fazer.
O Governo de Orbán é considerado o melhor aliado de Moscovo na UE, ao criticar sempre as sanções impostas pela UE à Rússia pela sua invasão da Ucrânia, apesar de a Hungria ter até agora aderido a todas as sanções como país membro da UE.
O primeiro-ministro húngaro esclareceu na sua intervenção de hoje que o seu país manterá relações económicas com a Rússia e aconselhou o resto da UE a seguir o exemplo, ao mesmo tempo que culpou as sanções pelo aumento da inflação, especialmente no setor da energia.
A taxa de inflação da Hungria no mês passado excedeu 25%, o valor mais alto da UE.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Um ano depois, sabe-se que a guerra contra a Ucrânia gerou mais de 14 milhões de deslocados: oito milhões fugiram para países vizinhos e 6,5 milhões permaneceram em território ucraniano, mas fora do local habitual de residência, segundo dados da ONU.
Mas ninguém sabe ao certo quantas pessoas morreram.
Entre os civis, a ONU contabilizou já mais de 7.150 mortos e quase 11.700 feridos, mas sempre que atualiza os dados avisa que os números reais serão mais elevados.
Do lado dos militares, as informações ou são exageradas ou pecam por defeito, dependendo do lado que as divulga.
A Ucrânia reclamou, no início de fevereiro, mais de 133 mil soldados russos mortos, quase 400 mil feridos e cerca de um milhar de prisioneiros.
Comentários