Netanyahu tinha advertido que não receberia Gabriel se este se encontrasse mais tarde com representantes de duas organizações israelitas muito críticas do seu Governo.
A anulação do encontro, um muito raro entrave nas relações de Israel com um dos seus mais firmes apoiantes europeus, acontece num contexto de arrefecimento das relações bilaterais, nomeadamente devido à colonização israelita nos territórios ocupados, criticada por Berlim.
“Posso confirmar que o encontro está anulado”, afirmou à agência France Presse um alto responsável israelita, que não quis ser identificado, precisando tratar-se de uma decisão de Netanyahu.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão tinha dito antes que uma tal anulação seria “impensável”.
“Soubemos pelos ‘media’ israelitas que o primeiro-ministro Netanyahu, com quem aliás já estive várias vezes, quer anular esta visita porque nos queremos encontrar com representantes críticos da sociedade civil”, disse hoje à televisão pública alemã ZDF.
“Mal posso imaginar, porque seria extremamente lamentável”, adiantou, referindo ser “normal que, numa visita ao estrangeiro, se fale com representantes da sociedade civil”.
Gabriel tem previstos encontros com representantes da B’Tselem, uma organização não-governamental (ONG) israelita que documenta violações dos direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados, e da Breaking the Silence, outra ONG que permite aos soldados israelitas denunciarem anonimamente ações que consideram condenáveis do exército.
O executivo de Netanyahu, considerado o mais à direita da história do país, conduz uma campanha sustentada contra as organizações, que acusa de atacarem a legitimidade do Estado de Israel.
Em fevereiro, o Governo israelita reprimiu o embaixador da Bélgica, após encontros entre o primeiro-ministro belga, Charles Michel, e representantes da Breaking the Silence e da B’Tselem.
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