“A documentação necessária para instrução do processo de inscrição das gravações originais de Amália Rodrigues realizadas para a Valentim de Carvalho, entre cerca de 1943 e 1990, encontra-se já na UNESCO [organização com sede em Paris], onde será avaliada enquanto candidata a ‘Memória do Mundo'”, afirma em comunicado o Ministério da Cultura, que promove a candidatura preparada pela equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som (ANS), em articulação com a empresa fonográfica Valentim de Carvalho.
O ministério de Graça Fonseca afirma que esta candidatura, anunciada em outubro último, se “enquadra no plano de celebrações do centenário de Amália Rodrigues (1920-1999) e no plano estratégico de valorização do património sonoro nacional enquanto elemento fundamental da cultura em Portugal, com relevância nacional, mas também mundial”.
A proposta portuguesa “pretende ver reconhecido, como parte do programa ‘Memória do Mundo’, um conjunto de 354 fitas magnéticas e oito ‘discos instantâneos’, gravados por Amália Rodrigues entre cerca de 1943 e 1990”.
Segundo o Ministério, “esta coleção documenta toda a atividade de estúdio de Amália, nomeadamente os ‘masters de produção’, as sessões de gravação, os ensaios, concertos, participações em programas de rádio e entrevistas, além de experiências técnicas (de mistura)” mas além das interpretações da artista, a coleção documenta também “os processos criativos no seio das indústrias da música, o trabalho técnico que serve de base a qualquer fonograma publicado e as próprias mudanças tecnológicas que ocorreram ao longo do século XX”.
O ministério enfatiza a “variedade” que “faz desta coleção de documentos únicos, um dos mais bem documentados conjuntos de gravações de um artista com esta dimensão internacional e que tem a sua face pública nas muitas centenas de publicações em muitos países”.
Estas caracteristicas dão à coleção apresentada “um valor documental de dimensão mundial”, sublinha o Ministério da Cultura que quer ainda “alertar para a importância do som gravado enquanto documento e a fragilidade dos suportes, como são os ‘discos instantâneos’ e as fitas-magnéticas”.
Amália Rodrigues protagonizou a mais fulgurante carreira musical do século XX em Portugal.
O escritor Miguel Esteves Cardoso e o editor discográfico David Ferreira justificaram à Lusa este êxito, dentro e além-fronteiras, como revelador da sua voz e da “inteligência com que Amália cantava”.
A fadista nasceu, oficialmente, a 23 de julho de 1920, em Lisboa, no seio de uma família originária da Beira Baixa.
Em julho de 1939 um dos títulos da imprensa fadista noticiou que Amália da Piedade Rodrigues acabara de obter a carteira profissional, tornando-se oficialmente fadista.
A menina que aos 15 anos brilhara na marcha de Alcântara, e desde logo chamara a atenção, passava a fazer parte do elenco de uma das mais prestigiadas casas de fado: o Retiro da Severa, rampa de lançamento do mais internacional nome do fado que fez cinema, teatro e atuou nas mas prestigiadas salas de espetáculo, do Olympia, em Paris ao Carnegie Hall, em Nova Iorque, no Teatro Argentina, em Roma ou no Festival de Edimburgo, em 1962.
Amália Rodrigues morreu em 06 de outubro de 1999, ponto final de uma carreira de mais de 50 anos.
Hoje, o Governo decidiu, em Conselho de Ministros, renovar o novo mandato da equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som, liderada pelo antropólogo Pedro Félix, para concluir a criação deste equipamento cultural.
Em comunicado, o Conselho de Ministros explicou que a “renovação automática do mandato da equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som”, tem por objetivo a “adequada instalação física do Arquivo Nacional Sonoro”, contando com o investimento previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no valor de dois milhões de euros, e de outros “mecanismos de apoio financeiro da União Europeia”. O protocolo para a instalação do Arquivo deverá ser assinado na sexta-feira, em Mafra.
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