Durante a sessão de esclarecimento sobre o protesto de dia 10 de outubro - promovido pela APT e que promete juntar seis mil táxis -, Carlos Ramos recordou que “o último relatório da Autoridade de Mobilidade e dos Transportes (AMT), que foi pedido pela Assembleia da República, conclui que as plataformas Uber e Cabify, (que permitem pedir carros de transporte de passageiros, com uma aplicação para ‘smartphones’ que liga quem se quer deslocar a operadores de transporte), são ilegais.

“Não podem circular na cidade de Lisboa. Têm que ser apreendidos. Se o Governo não o fizer, nós temos que os fazer parar e queremos fazê-lo de forma pacífica, mas se acontecer alguma coisa responsabilizamos o Governo”, afirmou.

Apesar de durante a época alta ter havido “trabalho para todos” [taxistas e plataformas], o presidente da FPT alertou que “a partir do mês de setembro e, a exemplo do que se passou no ano passado, há quebras na ordem dos 40%”.

O presidente da FPA sublinhou que os taxistas “não estão contra as plataformas” e até lembrou que “os táxis têm quatro ou cinco plataformas a funcionar há quatro ou cinco anos”.

No entanto querem que a atividade dessas plataformas seja regulada.

Os taxistas reclamam sofrer de concorrência desleal em virtude do quadro legislativo existente que os obriga a determinados preceitos financeiros e de segurança, por exemplo, para poderem exercer a sua atividade.

Na sexta-feira, o ministro do Ambiente, que tutela os transportes, disse à rádio Renascença que está a ser ultimada legislação para o setor.

Segundo João Pedro Matos Fernandes, é "já claro que há um conjunto de prerrogativas que são e serão apenas dos táxis" como "benefícios fiscais na aquisição de um veículo táxi, a utilização das faixas bus, só os táxis podem ser chamados na via pública, só os táxis podem estacionar nas praças de táxis”.

Para Carlos Ramos isto é uma “não informação” por parte do ministro.

A FPA quer antes que o Governo esclareça algumas questões, como “onde pretende ir buscar viaturas para alimentar as plataformas?”.

“O secretário de Estado diz que é do mercado, então se é do mercado são nove milhões de pessoas que se podem ligar com o seu carrinho à plataforma. Isto não faz sentido nenhum”, defendeu o dirigente.

Além disso, “a ideia do Governo é que o contingente seja nacional” e os taxistas dizem "que tem que ser concelhio".

"Vivo em Alcochete, se o contingente é nacional venho associar-me a Lisboa. Será que a Câmara permite que venham mais 300 carros trabalhar para a cidade. Quando é reconhecido que há carros a mais para transporte de passageiros e em termos de fluidez do trânsito”, questionou.

A instalação das plataformas online, como a Uber e a Cabify, em Portugal tem sido muito contestada pelos taxistas, tal como noutros países, tendo já havido registo de situações de confronto e agressões entre os profissionais.