De acordo com uma síntese do discurso do dirigente socialista na reunião da Comissão Nacional desta manhã, a que a Lusa teve acesso, Daniel Adrião transmitiu que “não faz nenhum sentido voltar a marcar o congresso sem nenhuma garantia de que se possa realizar” e falou numa “decisão precipitada e irresponsável”.
A Comissão Nacional do PS aprovou hoje, com 86% de votos favoráveis, a remarcação do 23.º Congresso Nacional do partido para 28 e 29 de agosto, anunciou o presidente do partido, Carlos César.
O socialista considerou também que a “imagem do PS está a ser fortemente desgastada pelo desnorte” e que as “sucessivas marcações e desmarcações descredibilizam o partido”.
O dirigente da tendência minoritária dos socialistas assinalou que agosto é mês de férias “por excelência”, que poderá registar-se no verão “um recrudescimento da situação pandémica”, devido às deslocações e convívios da população, e que “ninguém está em condições de garantir que a situação pandémica estará resolvida” nessa altura.
Assim, na sua ótica, “o mais provável” é que a direção “tenha novamente de recuar” e voltar a adiar o congresso, criticando que isso dará “uma imagem” de “irresponsabilidade”.
Daniel Adrião obteve cerca de 6% dos votos nas eleições diretas do secretário-geral do PS, cargo que disputou este mês com o atual secretário-geral, António Costa, que foi eleito pela quarta vez com 94%.
Já na terça-feira, Daniel Adrião tinha recusado que a Comissão Nacional aprovasse novas datas para a realização do congresso antes do início de setembro, de forma a evitar mais um adiamento da reunião magna dos socialistas.
A reunião da Comissão Nacional do PS decorreu esta manhã e o único ponto da ordem de trabalhos era a proposta de adiamento do Congresso Nacional de 10 e 11 de julho para o final de agosto, devido à situação pandémica.
A proposta, que foi aprovada com 86% de votos favoráveis, contou com 22 votos contra e quatro abstenções, de acordo com informações transmitidas à Lusa.
Na convocatória da reunião de hoje da Comissão Nacional do PS, numa alusão ao facto de terem sido canceladas as datas de 10 e 11 de julho para a realização do congresso, alega-se que, “atentas as circunstâncias de evolução da pandemia e a necessidade de acautelar a saúde de todos”, cabe a este partido “o dever de evitar iniciativas que envolvam riscos para as pessoas”.
A proposta que foi aprovada especifica que “a Comissão Nacional delibera a remarcação da data do 23º Congresso Nacional para 28 e 29 de agosto, bem assim delegar no presidente do partido [Carlos César] a competência para, ouvida a COC e em articulação com o secretário-geral [António Costa] e a Comissão Permanente, e tendo como limite o final do ano 2021, poder, se a situação pandémica o justificar, proceder à determinação de data mais adequada, sem prejuízo da salvaguarda dos prazos e procedimentos de convocatória”.
O Congresso do PS, que terá cerca de 1500 delegados, entre eleitos e inerências, vai realizar-se em 14 locais distintos do país por razões de prevenção da covid-19.
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