Numa nota enviada à Lusa, “o Partido Socialista apresenta as suas sentidas condolências à família do camarada Bernardino Gomes, compartilhando a sua dor e a sua perda, que é uma muito sentida e importante perda para todos os socialistas portugueses”.

O partido informou ainda que as cerimónias fúnebres de Bernardino Gomes decorrerão na segunda-feira, pelas 12:00, na Igreja Paroquial de São João e São Pedro do Estoril e que a bandeira do Partido será colocada a meia-haste na sede nacional, no Largo do Rato, em Lisboa.

Na nota, o PS destaca que “Bernardino Gomes foi um dos 27 delegados presentes em Bad Munstereifel, na Alemanha, que fundaram o Partido Socialista, em 19 de abril de 1973, tendo, na sequência disso e da revolução libertadora de Abril de 1974, desempenhado um papel tão discreto quanto crucial na instalação e afirmação do PS como uma força de grande influência na sociedade portuguesa”.

O partido destacou ainda o papel de Bernardino Gomes no “reconhecimento internacional” do PS e “na defesa de uma sociedade democrática e plural em Portugal, numa muito ativa e frutuosa colaboração com Mário Soares, de quem foi sempre um colaborador muito chegado”.

“Profundo conhecedor e estudioso da área das relações internacionais – em particular da vertente Atlântica do nosso relacionamento externo, Bernardino Gomes viria ainda a ter um papel importante na criação da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), da qual seria administrador, tornando-a numa trave-mestra da afirmação e consolidação das relações de amizade entre Portugal e os Estados Unidos da América”, salientou o PS.

Chefe de gabinete de Mário Soares, Bernardino Gomes licenciou-se em Ciências Políticas pela Universidade de Lovaina, Bélgica, e foi diretor do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros, após o 25 de Abril de 1974.

Investigador da área das relações internacionais, é autor, com Tiago Moreira de Sá, do livro "Carlucci vs. Kissinger – Os EUA e a Revolução Portuguesa", sobre o papel dos Estados Unidos na revolução.

Durante o período revolucionário, de 1974 a 1975, Bernardino Gomes testemunhou as relações do PS e de Mário Soares com o então embaixador norte-americano, Frank Carlucci.

O diplomata norte-americano em Lisboa discordava da "teoria da vacina", do secretário de Estado, Henry Kissinger, segundo a qual, se Portugal caísse para os comunistas, serviria de exemplo a não seguir por países como Espanha e Itália.

Uma das suas últimas posições políticas públicas foi, juntamente com mais 24 fundadores do PS, a declaração de apoio à candidatura de António Costa à liderança do partido, em 2014.