A coordenadora do grupo de trabalho parlamentar sobre a habitação, Helena Roseta, demitiu-se hoje do cargo depois de as votações indiciárias sobre as novas regras da habitação terem sido adiadas pela terceira vez, a pedido do PS, com votos a favor do PSD e contra do BE e PCP.

Os socialistas pediram o adiamento, alegando que se trata de uma matéria muito complexa, parte da qual já tem implicações na proposta de Orçamento do Estado apresentado pelo Governo, e propõe que as votações sejam retomadas na primeira semana de dezembro, a tempo de entrarem em vigor no início do próximo ano como previsto.

Por discordar da posição do partido, a deputada independente eleita pelo Partido Socialista, Helena Roseta, demitiu-se da coordenação do grupo de trabalho parlamentar da Habitação, Reabilitação Urbana e Políticas de Cidades.

"O meu dever de consciência é não adiar uma coisa que considero que é urgentíssima", disse, citada pelo Jornal de Negócios, Helena Roseta aos jornalistas no final da votação. "Se uma vez que um partido não tem a maioria pede o adiamento, está a prejudicar os trabalhos parlamentares", acrescentou.

O requerimento tem ainda de ser votado hoje à tarde em Comissão Parlamentar, apesar de os seus efeitos já terem sido produzidos, como explicou Helena Roseta.

O PS já tinha requerido o adiamento potestativo da votação indiciária das propostas relativas ao pacote legislativo sobre habitação a 11 de outubro e, dias depois, a 16 de outubro, foi a vez do PSD pedir o adiamento.

O processo de votação indiciária do pacote legislativo sobre habitação inclui 11 iniciativas pendentes, das quais três são propostas de lei do Governo, nomeadamente o Programa de Arrendamento Acessível e os benefícios fiscais para contratos de arrendamento de longa duração.

Além das propostas do Executivo, existem três projetos de lei do PSD, dois do BE, um do CDS-PP, um do PEV e outro do PAN, com iniciativas dirigidas ao mercado do arrendamento urbano, nomeadamente medidas de caráter fiscal, seguros de renda e subsídios de renda.