Com uma vitória por cerca de 53% dos votos sobre Luís Montenegro, a tarefa mais global do atual e futuro líder será fazer a unidade do partido, tendo no sábado considerado o resultado “inequivocamente claro” e “suficiente” para cumprir essa missão, embora avisando que não consegue “fazer milagres” se outros não o quiserem.

Por seu lado, Montenegro colocou a responsabilidade de unir sobretudo em Rui Rio e, assegurando que não está morto politicamente, disse que irá estar fora de cargos no PSD “nos próximos tempos”. O antigo líder parlamentar social-democrata limitou a sua participação a curto prazo no partido a uma intervenção no próximo Congresso, que decorre entre 07 e 09 de fevereiro, em Viana do Castelo.

Nesse Congresso, ficou já claro que não haverá uma lista de unidade ao Conselho Nacional entre os dois adversários, ao contrário do que aconteceu há dois anos entre Rio e Santana Lopes, que o líder reconheceu que “não correu bem”, até porque o ex-primeiro-ministro acabou por deixar o PSD meses depois.

Como desafios mais imediatos, Rio tem cerca de uma semana para coordenar a apresentação de propostas na especialidade ao Orçamento do Estado para 2020, um trabalho que disse já ter começado na direção da bancada apesar da campanha interna.

Recentemente, o atual e futuro líder do PSD prometeu que os sociais-democratas não irão desvirtuar a proposta de Orçamento do Estado para 2020, e apenas se tem comprometido com uma medida: a redução do IVA para eletricidade (deixando cair a do gás), mas sem revelar em que moldes.

Desde outubro, Rio acumulou a presidência do PSD com a liderança parlamentar por se viver um período de disputa interna no partido, mas assegurou que, ganhando ou perdendo as eleições diretas, deixaria o cargo após o congresso.

Há dois anos, foi precisamente no período entre as diretas e o congresso que Fernando Negrão se assumiu como candidato a presidente da bancada do PSD, depois de Rio ter comunicado ao seu antecessor, Hugo Soares, o seu desejo de trabalhar com outra direção de bancada, sendo de esperar que nas próximas três semanas haja novidades neste capítulo.

Adão Silva ocupa atualmente o lugar de primeiro vice-presidente, numa direção com outros cinco ‘vices’: Carlos Peixoto, Luís Leite Ramos, Clara Marques Mendes, Ricardo Baptista Leite e Afonso Oliveira.

No Congresso de Viana do Castelo, Rio terá ainda de decidir até que ponto manterá ou renovará o ‘núcleo duro’ da sua direção, atualmente composta pelo secretário-geral José Silvano e por seis vice-presidentes: David Justino, Elina Fraga, Isabel Meirelles, José Manuel Bolieiro, Nuno Morais Sarmento e Salvador Malheiro.

A nível de desafios políticos, Rio tem apontado - já desde 2018 - as autárquicas de 2021 como fundamentais para o PSD, defendendo ser necessário inverter a tendência de 2013 e 2017 e ganhar “muito mais câmaras e muito mais vereadores”, e já disse que o trabalho de preparação dessas eleições arrancaria logo após a disputa interna.

No sábado, o reeleito presidente incluiu ainda entre os seus objetivos o reforço nos Açores, onde haverá eleições regionais depois do verão.

“Penso que estamos em condições de disputar as eleições taco-a-taco”, frisou.

Na campanha interna, o presidente do PSD manifestou também a intenção de aprofundar o funcionamento do Conselho Estratégico Nacional (CEN) - que lançou no seu primeiro mandato com a missão principal de desenhar o programa eleitoral para as legislativas -, que considera ter falhado sobretudo ao nível dos núcleos regionais temáticos.

Por definir está ainda o que o PSD fará com as conclusões do trabalho da comissão de reforma do sistema político e sistema eleitoral - designada por movimento PSD 4.0 e presidida pelo deputado Pedro Rodrigues -, que foi lançada em outubro de 2018 e tinha por missão elaborar, num período de ano e meio, um documento sobre a reforma do sistema eleitoral, político e de revisão dos estatutos do partido.

As propostas de alteração dos estatutos apresentadas no último Congresso, em 2018, foram remetidas para um grupo de trabalho em que se consensualizou um texto comum, mas a votação acabou por nunca acontecer em Conselho Nacional.