A intervenção de despedida de Rui Rio e, sobretudo, o primeiro discurso de fundo de Luís Montenegro dominaram a primeira noite da reunião magna, que começou com uma entrada na sala em conjunto dos dois líderes, num sinal claro de apelo à paz interna.
Se o presidente cessante se despediu com críticas ao Governo, e considerou ser “um despautério” dizer que o PSD está a definhar, Montenegro retomou as críticas ao executivo, centrando-se na polémica à volta do futuro aeroporto de Lisboa entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas.
O presidente eleito abriu a porta ao diálogo com António Costa – a quem dirá primeiro o que pensa sobre a solução aeroportuária -, mas recusou qualquer chantagem no processo, considerando que a autoridade e credibilidade do primeiro-ministro ficaram “feridas de morte” por Pedro Nuno Santos ter continuado no Governo.
Em recados mais virados para o partido, Montenegro defendeu que o PSD tem de assumir que não foram os eleitores que erraram ao dar a vitória ao PS, mas sim os sociais-democratas que não os conseguiram convencer.
Para inverter este ciclo de derrotas, o novo líder quer uma maior abertura do partido aos cidadãos, colocou a unidade interna como primeira condição para a confiança dos eleitores, e prometeu que será “a locomotiva” dessa proximidade: a partir de setembro, passará uma semana por mês num distrito diferente do país, Regiões Autónomas incluídas.
Hoje, o momento mais aguardado será a divulgação dos nomes que vão acompanhar Luís Montenegro na liderança do partido, sobretudo nas vice-presidências, já que até agora apenas Hugo Soares é dado como certo para secretário-geral, uma vez que fez a transição de pastas com o ainda detentor do cargo, José Silvano.
A dúvida é se Montenegro fará uma direção com o núcleo duro dos seus principais apoiantes - entre os quais se contam além de Hugo Soares, Pedro Duarte, Pedro Alves, Paulo Cunha, Margarida Balseiro Lopes, Carlos Coelho, António Leitão Amaro ou Pedro Reis - ou se irá 'abrir' a outras correntes do partido.
O prazo para a apresentação de listas aos órgãos nacionais termina às 18:00 e Luís Montenegro deverá seguir a tradição dos anteriores líderes Rui Rio e Pedro Passos Coelho e anunciar as suas escolhas aos congressistas a partir do púlpito.
Os trabalhos arrancarão pelas 10:30 com a discussão das sete propostas temáticas que sobraram de sexta-feira (já foram discutidas 12), seguindo-se o período de discussão política, onde estão prometidos discursos como o do candidato derrotado nas últimas diretas, Jorge Moreira da Silva, ou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.
Moreira da Silva não irá apresentar lista ao Conselho Nacional e a mesma opção tomaram o ex-candidato à liderança Miguel Pinto Luz e Carlos Eduardo Reis, que também tem apresentado listas com peso significativo ao chamado ‘parlamento’ do partido.
O líder da JSD de Aveiro, Pedro Veiga, indicou à Lusa que irá encabeçar uma lista ao órgão máximo do partido entre Congressos, com o mote “Ligados ao PPD/PSD”.
É certa a mudança na liderança do Conselho de Jurisdição Nacional, o ‘tribunal’ do partido, já que Paulo Colaço não se irá recandidatar, mas Luís Montenegro já anunciou tê-lo convidado para participar na reforma estatutária que quer implementar.
No final do segundo dia, serão votadas a moção de estratégia global de Luís Montenegro, intitulada “Acreditar”, e as 19 propostas temáticas.
O 40.º Congresso do PSD termina no domingo, no Pavilhão Rosa Mota no Porto, com a eleição dos órgãos nacionais.
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