No seu discurso na sessão solene dos 43 anos do 25 de Abril, a também candidata do PSD à Câmara Municipal de Lisboa traçou "uma fronteira clara" entre duas opções de sociedade, separadas por "pensamentos políticos inconciliáveis".

"Uma fronteira tão nítida quanto o paralelo 38 que divide as Coreias. Uma fronteira que, de um lado coloca o primado da pessoa e do seu projeto de vida, e do outro um Estado totalitário gerador de pobreza e de injustiça", referiu.

De um lado, disse, está uma sociedade baseada "num mercado livre e concorrencial", com "incentivos à iniciativa privada e às empresas". Do outro, defendeu, uma sociedade "caracterizada pela insegurança do direito de propriedade e da livre iniciativa económica, pela opacidade e ausência de escrutínio".

Leal Coelho citou o líder histórico social-democrata Francisco Sá Carneiro e agradeceu ao histórico socialista Mário Soares, que faleceu este ano, num discurso em que nunca utilizou a expressão "25 de Abril" e que recebeu palmas das bancadas do PSD e do CDS-PP.

Sobre Sá Carneiro, Teresa Leal Coelho escolheu citar uma frase em que o antigo primeiro-ministro do PPD/PSD dizia: "O socialismo marxista, coletivista e estatizante, por mais suave que seja o seu discurso, não convém ao progresso dos povos nem ao livre desenvolvimento dos homens e das mulheres, até porque é arcaico".

Já a propósito do antigo chefe de Estado e de Governo socialista, a deputada do PSD elogiou a sua escolha pela "consolidação da liberdade, da democracia e da descentralização, da opção europeia".

"Aquele que foi um dos mais marcantes rostos da luta para que, na continuação de abril, Portugal permanecesse do lado livre, democrata e inclusivo de um mundo dividido por um muro, entretanto derrubado", afirmou, agradecendo a Mário Soares e a todos os que "lutaram e persistem em lutar pelos ideais da liberdade e da inclusão".

A vice-presidente do PSD voltou a defender a criminalização do enriquecimento ilícito, considerando que a sociedade desejada pela maioria dos portugueses "é uma sociedade na qual a proveniência da riqueza deve ser justificada, e assim o enriquecimento ilícito criminalizado".

"Deve a sociedade libertar-se dos privilégios injustificados, da corrupção, do compadrio e da opacidade. Deve libertar-se de instituições políticas e económicas que potenciem o enriquecimento ilegítimo à custa do resto da sociedade", frisou Teresa Leal Coelho.

A deputada defendeu ainda que, numa sociedade inclusiva, "os que exercem cargos políticos e os atores económicos devem estar sujeitos a elevados níveis de escrutínio e de transparência" e registar publicamente os seus interesses, propósitos e afiliações.

A vice-presidente do PSD pediu ainda uma "aposta firme na educação" como forma de garantir a igualdade de oportunidades.

"Destruir este sistema de ensino que garante oportunidades efetivas é colocar uma nação em risco, é ameaçar a massa crítica do futuro, é condenar a sociedade à estagnação e à pobreza, é levar as pessoas a desistir de sonhar e de lutar", afirmou.

Para a deputada, os portugueses querem uma sociedade em que "cada um seja responsável por construir a sua própria vida, tendo condições e capacidade de realizar o que desejar de acordo com o seu talento, a sua vocação e o mérito das suas escolhas".