Na newsletter diária do PSD, Maria Luís Albuquerque assina um artigo de opinião, no qual considera que hoje é “um dia histórico na indústria portuguesa, infelizmente pelas piores razões” já que “pela primeira vez em 26 anos, desde que a fábrica da Volkswagen se instalou em Portugal, realiza-se uma greve”.
“O conflito na Autoeuropa é mais um reflexo da geringonça e do preço que António Costa impõe ao país para ser primeiro-ministro sem ter sido eleito. A troco da aprovação de orçamentos do Estado, do silêncio e cumplicidade de PCP e BE perante o colapso do investimento público e do estrangulamento dos serviços públicos, permite à CGTP que se instale onde até hoje não tinha conseguido entrar”, condena a antiga ministra das Finanças.
Segundo Maria Luís Albuquerque, “enquanto o curto prazo correr (aparentemente) bem”, António Costa “continuará a reclamar méritos que não tem e a partilhá-los com PCP e BE”.
“No futuro, alguém será chamado a tentar remediar os estragos e a reerguer de novo um país inutilmente comprometido, mas por ora a manutenção no poder de António Costa e do PS e o reforço progressivo de poder por BE e PCP justificam todos os sapos que se engulam e todos os custos para o nosso desenvolvimento”, acusou.
O significado político desta greve é, na opinião da dirigente social-democrata, “alarmante, mesmo se não surpreendente”.
“O PCP apoia este governo porque isso lhe permitiu garantir, pelo menos por mais uns anos, a sobrevivência da CGTP”, acusa, considerando que “só alguém desatento ou otimista acharia” que os comunistas “ficariam por aqui”.
Segundo Maria Luís Albuquerque, a saída de António Chora da liderança da comissão de trabalhadores da Autoeuropa “desequilibrou os poderes dentro da fábrica e permitiu aos sindicatos afetos à CGTP alcançar o que há muito pretendiam sem sucesso”.
“Impor à Autoeuropa a sua cultura de direitos adquiridos, sem atenção aos deveres, desprezando (ainda que não ignorando) os impactos que tal alteração pode trazer. No melhor dos cenários, redução da prevista criação de postos de trabalho. No pior, encerramento a prazo da fábrica e o regresso aos dias negros de desemprego e miséria na Península de Setúbal”, avisa a também candidata do PSD à Assembleia Municipal de Setúbal nas próximas autárquicas.
A social-democrata cita António Chora, que “classifica a atuação dos sindicatos da CGTP como populista” e recorda o que aconteceu em outras empresas do grupo na Europa com a deslocalização de produção, ou seja, “a perda de postos de trabalho”.
Os trabalhadores da Autoeuropa realizam hoje uma greve histórica, que só termina às 00:00 de quinta-feira, e que constitui a primeira paralisação por razões laborais na fábrica de automóveis de Palmela, que de acordo com a empresa teve uma "adesão de 41% do total dos trabalhadores".
A greve foi marcada após a rejeição de um pré-acordo entre a administração e a Comissão de Trabalhadores [que apresentou a demissão e convocou eleições para 03 de outubro], devido à obrigatoriedade dos funcionários trabalharem ao sábado, como está previsto nos novos horários de laboração contínua que serão implementados a partir do próximo mês de novembro.
Os trabalhadores alegam que, além do transtorno que a obrigatoriedade do trabalho ao sábado iria provocar nas suas vidas, a compensação financeira atribuída pela empresa também é muito inferior ao que iriam receber pelo trabalho extraordinário aos sábados.
De acordo com o novo modelo de horários, cada trabalhador iria rodar nos turnos da manhã e da tarde durante seis semanas e fará o turno da madrugada durante três semanas consecutivas, com uma folga fixa ao domingo e uma folga rotativa nos outros dias da semana.
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