"[O desconfinamento] deve ser gradual. Nós confinámos de forma gradual, e aí foi mal, devíamos ter entrado mais forte e mais à bruta. Já na saída, acho o contrário, que deve ser com gradualismo e não dever ser num dia estar tudo e no outro dia não estar nada", defendeu Rui Rio, em declarações aos jornalistas, numa conferência de imprensa no Porto.

Ressalvando que esta é essencialmente uma questão científica, o social-democrata considerou que o poder político tem de ouvir e obedecer "à lógica científica" e só depois assumir as suas responsabilidades.

Nesse sentido, disse tender a concordar com o primeiro-ministro, António Costa, argumentando que, no seu entender, o desconfinamento só pode acontecer quando for atingido um determinado indicador.

Questionado pelos jornalistas, Rio admitiu, contudo, que esse indicador devia já ter sido definido pelo Governo, com base na opinião dos especialistas, ainda que concorde que neste momento não é possível apontar uma data para iniciar o desconfinamento.

"Não se pode exigir isso porque não sabemos quando esse número será atingido", afirmou.

O líder social-democrata defendeu que o Governo tem também de preparar um plano para o regresso ao ensino presencial, definindo uma meta.

"Quando atingirmos um R de X ou um número de infetados de Y, aí abrimos até aos 12 anos, por exemplo. Não há nada como planear e pensar as coisas bem", explicou, salientando que a questão da abertura das escolas é "determinante nas redes de contacto".

Numa entrevista à Renascença, esta manhã, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, anunciou que as provas de aferição de Educação Física e de Expressões Artísticas foram canceladas e os exames nacionais adiados.

Rui Rio vê governo de salvação nacional como cenário “nada desejável”

O líder do PSD, Rui Rio, defendeu hoje que um governo de salvação nacional é um cenário "nada desejável", argumentando que o país não precisa de somar uma crise política à crise pandémica, social e económica.

"Não vejo nada, nada, nada como desejável, face à situação que o país vive, agora uma grande crise [política]. Agora quando falam em governo de salvação nacional, é para situações que espero que não se chegue lá", defendeu Rui Rio em declarações aos jornalistas numa conferência de imprensa, no Porto, ao final da manhã,

Na quinta-feira, numa declaração ao país, após decretar a renovação de estado de emergência, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, rejeitou cenários de crises políticas ou eleitorais ou de formação de governos de salvação nacional, referindo que essas ideias surgem "nalgumas vozes da opinião política".

"Tudo sem crises políticas. Tudo sem cenários de governos de unidade ou salvação nacional. Não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas ou eleitorais. Já nos bastam a crise da saúde e a crise económica e social", afirmou o chefe de Estado.

Sublinhando que sempre votou a favor do estado de emergência, Rui Rio considerou que o partido tem "obrigação" de dar ao Governo os instrumentos necessários para enfrentar uma crise pandémica.

"Eu sempre disse que aquilo que nós temos de mais indesejável, a somar à crise económica, à crise pandémica e à crise social, uma crise política. É por isso que a minha postura ao longo deste tempo".

"Se depois faz bem ou mal cá estamos para avaliar, mas nós temos de fazer isso. Não vamos boicotar o Governo não dando os instrumentos, rezando para que tudo corra mal, para depois podermos dizer mal do Governo", afirmou, salientando que, enquanto líder tem de ser firme e assumir as suas responsabilidades independentemente das "muitas críticas" que lhe tem vindo a ser feitas.

"Pese embora as muitas críticas que me fazem, quando nós estamos neste lugar é para nos mantermos firmes com sentido de responsabilidade e não irmos atrás de emoções e é por isso que tenho consciência e votei sempre a favor do Estado de emergência porque o país precisa do governo a governar e nós temos obrigação de dar ao governo os instrumentos que ele necessita para o fazer.

Questionado sobre a atuação da Ministra da Saúde, Marta Temido, Rio disse caber ao Governo fazer a avaliação do desempenho da ministra, decidindo ou não a sua continuidade no cargo.

Ao PSD, acrescentou, cabe avaliar o Governo como um todo.

O atual estado de emergência, renovado por mais 15 dias, vai estender-se até às 23:59 de 01 de março, aplicando-se as mesmas regras de confinamento.

[Notícia atualizada às 14:29]