Em declarações à Lusa, o antigo deputado – crítico assumido da direção de Rui Rio e apoiante de Luís Montenegro para a liderança do PSD – apontou que, analisando os resultado da emigração desde 1999, "o PSD era a referência política mais forte" junto dos emigrantes.

"Ao perder um deputado no círculo Fora da Europa, infelizmente, o PSD perde representatividade e força de intervenção em prol dos emigrantes. Estes resultados demonstram um certo declínio que o PSD vive atualmente e são a confirmação do desaire eleitoral que o PSD obteve”, afirmou, considerando que a perda, no total, de dez deputados representa “o pior resultado dos últimos 36 anos”.

“O PSD, no fundo, perde força, perde representatividade e está num processo de perda de identidade. Tem de se fazer este diagnóstico, esta reflexão, tem de se ter uma nova estratégia que tenha força e capacidade de mobilização eleitoral”, afirmou.

Campos Ferreira fez questão de agradecer o trabalho dos cabeças de lista do PSD pelos círculos da Europa, Carlos Gonçalves, e fora da Europa, José Cesário, e diz ter sido testemunha do “empenho destes deputados” quando foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, no Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.

Questionado se os resultados do PSD, também nestes círculos, devem ser atribuídos à direção de Rio, Campos Ferreira respondeu afirmativamente.

“Há uma responsabilização que tem de ser assumida por quem tem os destinos do partido. Quando as coisas não correm bem, quando há desaires, são da responsabilidade de quem tem o comando nas mãos, de quem tem o volante nas mãos”, apontou, defendendo ser necessário “inverter uma estratégia errada” comprovada “de forma cabal” pelos resultados eleitorais.

Nas eleições legislativas do passado dia 06, no conjunto dos dois círculos eleitorais da emigração (Europa e Fora da Europa), o PS venceu com 41.525 votos contra 37.060 do PSD. Os socialistas ganharam no círculo da Europa e os sociais-democratas no Fora da Europa.

Em termos de mandatos nos círculos da emigração, o PS elegeu dois deputados, tantos como o PSD (em 2015, os sociais-democratas tinham conseguido 3 deputados, contra um dos socialistas).

De acordo com os resultados globais, divulgados no site da Secretaria-Geral do Ministério de Administração Interna - Administração Eleitoral, as legislativas de 06 de outubro foram ganhas pelo PS com 36,34% dos votos e 108 deputados eleitos e o PSD foi o segundo partido mais votado, com 27,76% dos votos e 79 deputados.

A taxa de abstenção foi de 51,43%.