O texto, votado pouco antes pelos deputados, também pretende punir "os apelos à imposição de sanções contra a Rússia", confrontada com duras medidas económicas do Ocidente.
O Parlamento russo aprovou hoje uma lei que prevê pesadas sanções para a distribuição do que considera ser "informações falsas sobre o exército".
A Duma (câmara baixa) aprovou, por unanimidade, emendas ao código penal com fortes multas e penas de prisão, entre 10 a 15 anos, para a “difusão de "informação falsa" sobre as ações das forças armadas.
Penas de prisão até cinco anos estão previstas para "ações públicas" que procurem desprestigiar o emprego das forças armadas russas na "defesa dos interesses da Rússia e seus cidadãos, na preservação da segurança e paz internacional". Os apelos a outros países para estabelecer sanções contra a Rússia passarão a ser punidos com até três anos de prisão.
Como consequência, o Novaïa Gazeta, cujo editor foi galardoado o ano passado com o prémio Nobel da Paz, anunciou hoje a remoção de parte dos seus conteúdos ligados à guerra na Ucrânia para evitar sanções.
"A lei que sanciona as 'notícias falsas' sobre ações das forças armadas russas entrou em vigor (...), somos obrigados a remover muito conteúdo, mas decidimos continuar a trabalhar", indicou o jornal no seu ‘site’.
"O gabinete do procurador-geral e o Roskomnadzor [regulador dos media] exigem que a Novaïa Gazeta e outros media independentes removam o conteúdo que descreve as operações militares no território ucraniano como guerra, agressão ou invasão", adiantou, explicando que "caso contrário, haverá multas enormes e a perspetiva de liquidação dos media".
Para tomar a decisão, a Novaïa Gazeta fez uma sondagem aos seus assinantes.
Das cerca de 6.500 pessoas que responderam, 94% votaram para "continuar a trabalhar sob censura militar, atendendo às exigências das autoridades", enquanto apenas 6% se manifestaram a favor de uma "suspensão do trabalho da redação até ao final da operação especial".
Por sua vez, a BBC suspendeu hoje "temporariamente" o trabalho dos seus jornalistas na Rússia para assegurar a sua "segurança", depois da aprovação desta lei.
Acreditando que Moscovo parecia querer "criminalizar o jornalismo independente", o diretor-geral Tim Davie indicou, em comunicado, que a BBC continuará a informar em russo de fora da Rússia.
Além da nova lei, o regulador de media russo Roskomnadzor anunciou que restringiu o acesso à BBC, à rádio e televisão internacional alemã Deutsche Welle (DW) e à Voice of America.
Muitos russos recorreram à BBC para obter informações da ofensiva na Rússia na Ucrânia. O seu 'site' de notícias russo, muito popular, viu a sua audiência mais que triplicar num ano.
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