Num comunicado, o Kremlin dá conta de uma conversa telefónica entre os dois chefes de Estado, numa altura em que decorrem negociações entre separatistas e as autoridades de Baku.

“O lado azeri confirmou que está pronto para trabalhar nestas questões com as forças de manutenção da paz russas” destacadas no local desde o final de 2020, referiu o Kremlin no comunicado que descreve o telefonema.

Sobre os soldados russos mortos na sequência da ofensiva militar azeri, o Kremlin adiantou que, em conjunto com o pedido de desculpas, Baku garantiu que vai investigar “de forma exaustiva” o “incidente”.

“Ilham Aliev pediu desculpa e expressou profundas condolências pela morte trágica dos soldados do contingente russo. Será efetuada uma investigação exaustiva deste incidente e todos os responsáveis serão devidamente punidos”, lê-se no documento.

Entretanto, as autoridades azeris deram hoje conta do fim da primeira ronda de negociaçõe, que durou duas horas, com os separatistas que reivindicam a criação da República de Nagorno-Karabakh, apesar de terem aceitado depor as armas para negociar a reintegração no Azerbaijão do território que controlavam no enclave.

Segundo a imprensa estatal azeri, que não adiantou pormenores, não está prevista qualquer conferência de imprensa sobre o conteúdo das negociações, que decorrem na cidade de Yevlakh, quase 300 quilómetros a oeste de Baku.

A decisão dos separatistas ocorreu um dia depois de o Azerbaijão ter lançado uma operação militar no enclave de população maioritariamente arménia, que os separatistas disserem ter causado 32 mortos e mais de 2.000 feridos.

O acordo de cessar-fogo, confirmado pelo Azerbaijão foi proposto pela força de manutenção da paz que a Rússia mantém em Nagorno-Karabakh desde 2020.

Na mesa de negociações estão “representantes da população arménia local e representantes das autoridades centrais da República do Azerbaijão”, segundo um comunicado citado pela agência russa TASS.

As partes estão a “discutir questões de reintegração com base na Constituição e nas leis da República do Azerbaijão”, disseram os separatistas arménios, o que foi confirmado por Baku, que acrescentou estar também em causa os direitos e a segurança dos civis arménios.

Os termos da reintegração referem-se também a garantias dos meios de subsistência da população de Nagorno-Karabakh no âmbito da Constituição do Azerbaijão, em conformidade com o acordo alcançado”, acrescentaram.

A ofensiva de Baku foi lançada terça-feira, horas depois de seis azeris, incluindo quatro polícias, terem morrido na explosão de minas no território que disputa com separatistas arménios, que disseram que a ofensiva do Azerbaijão provocou 32 mortos e mais de 200 feridos.

Ao lançar a ofensiva, o Azerbaijão exigiu a retirada “incondicional e total” da Arménia de Nagorno-Karabakh e a dissolução do “chamado regime separatista” para alcançar a paz na região azeri.